Figuras como Dedan Kimathi pegaram em armas e foram para as matas. Há no Quénia uma geração que acredita que o país não evolui por causa da corrupção; activistas como John Githongo empenharam-se, então, a todo o custo numa guerra vigorosa contra a corrupção.

Nos anos 90, quando eu viajava muito para o Quénia, estoirou o escândalo Goldenberg. Havia uma lei que previa o governo queniano dar subsídios e incentivos a uma entidade que tivesse um negócio de exportação. De repente apareceu uma empresa que passou a exportar ouro do Quénia - muito ouro mesmo. Esse ouro ia do Congo Democrático; no fim, o governo queniano estava a pagar milhões para uma indústria fictícia. Claro que as figuras no governo que beneficiavam do esquema recebiam os seus pagamentos em contas no Ocidente.

Temos aqui um caso clássico da África pós-colonial. A elite política, aquela que controlava o mecanismo estatal, não estava interessada em promover uma classe de empresários locais: no Quénia, os políticos preferiam os asiáticos - paquistaneses, indianos, libaneses. Estes empresários é que tinham as conexões com o resto do mundo, que facilitavam a criação de contas secretas em bancos ocidentais, etc.

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