Manuel Augusto justifica a exoneração com a "Inobservância dos procedimentos da cadeia de tomada de decisão interna e que lesou o bom nome e a imagem de Angola com países com os quais mantém uma histórica relação diplomática".
Recorde-se que João Diogo Faustino integrou a lista de participantes na inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, o que causou algum mal-estar em Luanda, sabendo-se agora que o fez à revelia das orientações de Luanda para essa cerimónia, enleada numa forte polémica e contestação, e na qual apenas estiverem presentes representantes de 32 países.
A polémica resulta do facto de Jerusalém ser a Cidade Santa para as três religiões monoteístas, o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, sendo um dos principais focos de tensão e geradores de confrontos entre os palestinianos e as forças israelitas.
Israel mantém Jerusalém ocupada há década e vê a cidade como a sua capital natural e histórica, sendo que também as autoridades palestinianas encaram Jerusalém como a capital do futuro Estado da Palestina, que ainda não foi reconhecido pela ONU devido aos permanentes vetos dos EUA no Conselho de Segurança.
A transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém foi a causa de dezenas de mortos entre palestinianos a tiros disparados pelo Exército israelita, quando protestavam contra a decisão do Presidente Donald Trump de considerar a Cidade Santa a capital de Israel.
Entretanto, num outro despacho, o ministro Manuel Augusto exonerou o director para África, Médio Oriente e Organizações Regionais, Joaquim do Espírito Santo, que tinha sido indicado para o cargo em Janeiro de 2011, pelo então ministro das Relações Exteriores, George Chicoty.
O comunicado do Mirex não estabelece relação entre os dois casos, mas tudo aponta para que a razão seja igualmente a cerimónia de inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, onde João Diogo Fortunato teve o aval de Espírito Santos para participar.
Angola condenou, em comunicado, espiral de violência sobre palestinianos
De recordar que o Governo, através do Ministério das Relações Exteriores, fez sair um comunicado, no dia 16 deste mês, em que condenava a violência das forças israelitas contra a população palestiniana, apelando "à contenção" e à "retoma das negociações".
No mesmo comunicado, o Governo declarava que "tem acompanhado com muita preocupação os últimos desenvolvimentos da situação no território da Palestina".
De acordo com o documento, "a situação naquele território é caracterizada por uma espiral de violência, que põe em perigo os esforços da comunidade internacional para um processo negocial baseado nas resoluções das Nações Unidas, que estabelecem a existência de dois Estados, como única solução justa e duradoura".
A reacção do embaixador de Israel em Angola, Oren Rozenblat, não se fez esperar.
Em declarações ao Jornal de Angola, Oren Rozenblat disse estar "desapontado com o comunicado de imprensa do Governo angolano sobre Israel.
"Angola falhou ao não incluir no seu comunicado de imprensa a violência terrorista do Hamas", realçou o diplomata.
De referir que o exército Israelita avançou contra os milhares de manifestantes que protestavam contra a transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, tendo provocado mais de 50 mortos e milhares de feridos, num massacre que foi condenado pela maioria dos países, mas com a África do Sul e a Turquia a tomar medidas extremas, chamando os seus embaixadores em Tel Aviv, o que é, no meio diplomático, um dos mais veementes protestos antes do corte de relações.