Ao confirmar o primeiro caso desta variante mais perigosa da Mpox, uma infecção viral que se transmite através de contacto próximo, a Suécia é o primeiro país a detectar esta nova estirpe do vírus fora do continente africano.

Os representantes europeus da Organização Mundial de Saúde avisam que são esperados mais casos na Europa, importados nos "próximos dias".

"A confirmação do subtipo mpox Clade 1 na Suécia reflecte claramente a interligação do nosso mundo (...). É provável que mais casos importados sejam registados na região europeia nos próximos dias e nas próximas semanas", afirmou a OMS em comunicado.

A Organização Mundial da Saúde declarou na quarta-feira o actual surto de mpox na República Democrática do Congo (e que se propagou a outros países vizinhos) como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional, pouco depois de o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África) ter anunciado que o surto de mpox era uma emergência de saúde pública, com mais de 500 mortes confirmadas, apelando para ajuda internacional para travar a disseminação do vírus.

O Ministério da Saúde angolano reactivou, no início de Julho, o Plano Nacional de Contingência para dar resposta rápida a eventuais casos de "varíola dos macacos", devido à fronteira com a RDC.

Segundo o MINSA, este plano, cujo desígnio é detectar precocemente a doença, confirmar casos suspeitos, identificar contactos, avaliar e monitorizar a propagação e evolução da epidemia, para além da eficácia das medidas de controlo, já está em execução.

O Ministério da Saúde garantiu que Angola não registou até ao momento casos da doença causada por um vírus transmitido aos seres humanos, a partir de macacos e roedores, que se manifesta através de febre, dor de cabeça, fadiga, dor muscular, íngua, erupções cutâneas generalizadas (lesões na pele). O período de incubação da doença varia entre cinco a 21 dias.

Contactado pelo Novo Jornal, o Ministério garante estar a acompanhar a evolução da doença nos países vizinhos, recomendando várias medidas preventivas, como lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou desinfectar com álcool gel, não caçar, nem comer a carne de macacos e roedores (ratos, camundongos e esquilos), e evitar a exposição directa com a carne e sangue destes animais. Recomenda também que seja evitado o contacto físico com pessoas que apresentem os sinais ou sintomas da doença.

A restrição abrange os materiais e utensílios usados por pessoas com sinais ou sintomas da doença, entre os quais vestuário, roupas de cama, toalhas, pratos, copos e talheres. Recomenda igualmente o uso de luvas e roupas apropriadas durante o manuseio dos animais, inclusive no procedimento de abate.

O MINSA pede ainda aos cidadãos que, no caso de alguns dos sintomas desta doença, procurem imediatamente a unidade de saúde mais próxima. Esta nova estirpe, denominada "clade 1b", foi detetada na República Democrática do Congo em setembro de 2023 e mais tarde foram reportados casos em vários países vizinhos. Segundo a OMS, esta provoca doença mais grave do que a anterior e daí a necessidade de classificar como uma emergência mundial. A nova variante pode ser, além disso, facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.

Em 2022, a OMS declarou o mpox como emergência global depois de se ter espalhado para mais de 70 países que não tinham qualquer historial de contacto com o vírus até então, tendo afetado sobretudo homens homossexuais e bissexuais. Antes disso, a doença foi sobretudo detetada em surtos ocasionais na África central e ocidental quando as pessoas entravam em contacto com animais selvagens infetados.

Os países ocidentais contiveram o surto e a disseminação do vírus com a ajuda de vacinas e tratamento aos quais África praticamente não tem acesso.

A OMS está a pedir aos fabricantes de vacinas que apresentem dados que garantam que as vacinas são seguras, eficazes, de qualidade assegurada e adequadas para as populações-alvo.

As autoridades congolesas solicitaram quatro milhões de vacinas contra o mpox, para inocular sobretudo crianças e jovens até aos 18 anos e os Estados Unidos e o Japão posicionaram-se para serem os fornecedores dessas vacinas à RDC, segundo adiantou à AP Cris Kacita Osako, do comité de resposta ao mpox neste país.