Durante a madrugada e princípio da manhã, a enorme quantidade de fumo, que cobre os céus dos três bairros, chega a ser confundido por muitos com nevoeiro, quando, na verdade, é o fumo proveniente do lixo depositado no "aterro dos Mulenvos", situado em Luanda, no território de Viana.

A reclamação foi feita ao Novo Jornal por alguns munícipes dos bairros vizinhos do aterro, que se queixaram de estarem a inalar o fumo, cujo efeito, em termo de impacto na saúde, se desconhece.

Mauro Durão, morador do bairro da Retranca, em Cacuaco, Ismael Matias, da centralidade do Kalawenda, no Cazenga, e Marta Adão Domingos, do bairro Kalucango, em Viana, contaram que a situação é desconfortável e incómoda para todos.

Mauro Durão disse que a irritação na garganta é uma das doenças que muitos da sua zona apresentam e queixa-se que a situação em Cacuaco já dura há um mês.

Ismael Matias, da centralidade do Kalawenda, no Cazenga, disse que todos os membros da sua família contraíram conjuntivite de forma estranha.

Marta Adão Domingos, do bairro Kalucango, conta que a fumaça chega atingir não só os moradores da sua zona, como também os do bairro Piaget.

Entretanto, a fumaça, como atestou o Novo Jornal, atinge zonas muito distantes do "aterro dos Mulenvos", como os bairros do Tala-Hady, Cazenga popular, Grafanil, BCA, Estalagem, Robaldina, Papá Simão, Pedreira, Boa-fé e Paraíso.

Segundo os munícipes, a situação tem sido frequente e acusam a Empresa de Saneamento e Limpeza de Luanda (ELISAL) de ser culpada "da triste situação".

Estes munícipes salientaram que tencionam fazer reclamação junto da sede do Governo Provincial de Luanda (GPL) e da administração da ELISAL, atendendo à ignorância dos funcionários do aterro.

ELISAL demarca-se de qualquer responsabilidade

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou a ELISAL, para esclarecimento, tendo esta empresa assegurado que tomou conhecimento da situação com bastante preocupação e já tomou as devidas precauções.

Nelson Campos, director de comunicação e imagem da ELISAL, disse ao Novo Jornal que quem faz o fumo são os catadores de lixo que invadem o "aterro dos mulenvos", e utilizam a queima para reduzir as grandes quantidades de lixo.

"Eles fazem isso de noite e não têm noção do perigo que esse fumo representa. Eles acham que a queima facilita a procura de artigos valiosos e não fazem a ideia do que isso representa. Por exemplo, no caso dos pneus, queimam-nos para tirarem os arames para comercializarem", disse.

Conforme a ELISAL, o fumo confundido com nevoeiro que afecta os bairros do Cazenga, Cacuaco e Viana, é resultado da queima de resíduos por parte dos catadores de lixo.

A ELISAL assegura que a situação de facto se arrastou nos últimos dias, mas que já está controlada, e salienta que foi reforçada a segurança no perímetro para impedir que os catadores acedam àquela área.

O porta-voz da ELISAL contou ao Novo Jornal que a empresa fez agora uma mudança de local, e descarrega agora o lixo para uma área de maior segurança, de modo a evitar que situações do género ocorram dentro do aterro.