Para Angola, que, como a ANPG anunciava há dias, viu a sua produção mensal referente a Agosto, num cenário que tem tudo para ser semelhante em Setembro, ficar longe do esperado, 1.04 mbpd contra 1.08 mbpd, estas quebras no valor do barril são de substancial impacto negativo.
E a razão é simples: a matéria-prima ainda responde por cerca de 90% das exportações angolanas, cerca de 35% do PIB nacional e 60% das receitas fiscais do país, o que faz deste sector não apenas importante mas estratégico para o Executivo.
Apesar disso, o Governo deposita esperança, no curto e médio prazo, de conseguir o objectivo de aumentar a produção nacional, uma das razões por que abandonou a OPEP em 2023, actualmente na fasquia do 1 mbpd.
Isso permitiria gerar mais receita no sector de forma a, como, por exemplo, está a ser feito há anos em países como a Arábia Saudita ou os EAU, usar o dinheiro do petróleo para libertar a economia nacional da dependência do... petróleo.
O aumento da produção nacional não está a ser travada por falta de potencial, porque as reservas estimadas são de nove mil milhões de barris e já foi superior a 1,8 mbpd há pouco mais de uma década, o problema é claramente o desinvestimento das majors a operar no país.
E isso reforça ainda mais a importância do sobe e desce nos gráficos dos mercados internacionais, onde, por ora, nesta quarta-feira, 01, o barril de Brent, a referência principal para as ramas exportadas por Angola, estar, perto das 11:30, hora de Luanda, a valer 65,7 USD, uma perda ligeira de 0,5 %, mas impactante considerando que acontece depois de dois dias de forte desvalorização, de quase 6% em 48 horas.
A razão imediata para este "pesadelo" para as contas públicas é a política bizarra da OPEP+, que alguns analistas consideram poder ser uma forma de castigar não apenas os concorrentes, como o fracking norte-americano, devido ao seu elevado breakeven, mas também os países que abandonaram a OPEP, como é o caso de Angola, para poderem aumentar as suas produções desligando-se das quotas impostas pelo "cartel".
Que consiste, para já, mesmo contrariando os interesses da maior parte dos seus membros, incluindo as lideranças russa e saudita da OPEP+, em persistir na reposição acelerada da produção eliminada nas últimos anos, para equilibrar os mercados em alta, especialmente no apogeu da Covid-19.
E isso mesmo se pode verificar desde Maio, quando começou esta nova política de aumento da produção, com 111 mil bpd, indo já em mais de 500 mil bpd com promessas de poder chegar ao 1 mbpd até final do ano, com um aumento substantivo nessa direcção já em Novembro.
E a queda não é mais acentuada, como nota a Reuters, porque começam a chegar sinais promissores dos EUA e dos gigantes asiáticos, de maior procura com o aproximar do final do ano... além das disrupções na Rússia devido aos ataques severos da Ucrânia contra as suas infra-estruturas petrolíferas.
De acordo com a Reuters, a OPEP+ pode estar prestes a acordar um aumento da produção para Novembro em mais 500 mil barris por dia, o triplo do aumento feito em Outubro, embora o cartel já tenha divulgado uma nota em que refere este aumento evocado pelos media como incorrectamente apresentado.