Desta feita, no país mais desenvolvido do Magrebe, no Norte de África, milhares de jovens saíram às ruas para contestar as políticas governamentais na saúde e educação, abrangendo várias cidades, sem deixarem de apontar as suas vozes ao Rei Mohamed VI.

Os protestos chegaram às ruas mesmo depois de, como relatam os media internacionais, a polícia ter estado vários dias de prevenção, com milhares de efectivos nas ruas para tentar dissuadir as manifestações organizadas em grande medida nas redes sociais, como é apanágio da "Gen Z", a geração dos jovens insatisfeitos que procuram pelas suas mãos alterar o que acham estar mal na governação dos seus países.

Como recorda a Lusa, citando a agência de notícias oficial marroquina MAP, no leste de Marrocos eclodiram confrontos entre manifestantes e a polícia de choque, na terça-feira, 30, resultando em um ferido, atropelado por um veículo das forças de segurança.

Os confrontos resultaram em ferimentos tanto para os manifestantes como para a polícia, de acordo com os meios de comunicação locais.

Separadamente, os manifestantes atacaram a polícia de choque com pedras na cidade de Inzegan e na aldeia de Ait Amira, ambas situadas 550 quilómetros a sul da capital, e destruíram e incendiaram vários veículos policiais.

Estavam a circular nas redes sociais, nomeadamente o TikTok, vídeos em direto, de confrontos entre jovens manifestantes e a polícia, juntamente com imagens de veículos capotados, destruídos e em chamas.

Um vídeo mostra um agente ferido, com o rosto coberto de sangue, a deixar o local. Um canhão de água também pode ser visto a apagar as chamas de um dos carros incendiados.

Os confrontos surgem após três dias em que as autoridades marroquinas detiveram dezenas de pessoas, para tentar impedir protestos convocados por jovens, que se identificam como 'Geração Z', em diferentes cidades, para exigir reformas nos setores da educação e da saúde.

Os manifestantes, autodenominados movimento 'GENZ212', não fazem parte de qualquer partido político, mas organizaram-se nas últimas semanas através da aplicação de mensagens instantâneas 'Discord', onde chegaram a consenso sobre um documento com as suas reivindicações.

Entre as exigências estão a melhoria da qualidade educativa, a formação e melhores condições laborais dos docentes, bem como a universalidade da cobertura de serviços de saúde e a modernização dos centros hospitalares e o acesso a medicamentos a preços acessíveis.

Além disso, os jovens exigem a luta contra a corrupção a todos os níveis do Governo, justiça social e económica, igualdade de oportunidades, criação de emprego jovem e apoio a pequenas empresas.