Na Namíbia, o Governo de Hage Geingob criou um grupo de trabalho para lidar e estudar soluções para a companhia aérea, embora sejam cada vez mais as vozes que defendem pura e simplesmente a sua declaração de falência devido à gravidade da situação.
Isto, porque a continuidade da sua frota no ar, com a rota Windhoek-Luanda-Windhoek como um dos principais e mais rentáveis destinos desta empresa pública namibiana, exige mais uma injecção de capital pelo Estado de centenas de milhões de dólares namibianos.
Recentemente o Executivo local meteu cerca de 580 milhões (pouco mais de 40 milhões USD) na Air Namibia de forma a que a companhia possa continuar a operar até Abril deste ano, prazo limite estabelecido para definir de uma vez por todos o destino da empresa, que muios consideram estar condenada.
A defesa da extinção desta empresa, segundo se pode compreender através da imprensa namibiana, passa pela conclusão de que o turismo - a mais importante fonte de receitas do país -, uma das razões para a sua continuidade através de balões de oxigénio do Estado, não será afectado tendo em conta que a grande maioria daqueles que visitam a Namíbia chega em voos charter ou pode fazê-lo através das diversas transportadoras que voam para Windhoek.
E, segundo o ministro das Empresas Públicas namibiano, Leon Jooste, para que a Air Namibia se mantenha operacional através de um plano que garanta a sua recuperação, são precisos, no imediato, entre 4,3 e 5 mil milhões de dólares namibianos, mais ou menos entre 300 e 350 milhões USD.
Entretanto, em cima da mesa, e já depois de a administração da empresa ter admitido a sua condição de insolvência em Setembro do ano passado, o Governo considera a possibilidade de privatizar a companhia.
Porém, certo, certo é que o destino desta empresa pública namibiana, que tem em Angola uma das suas linhas mais importantes, será definido até Abril e são cada vez mais aqueles que no país vizinho defendem que o melhor é desfazer-se deste permanente fardo financeiro.
E a SAA...
Na mesma situação difícil está a também vizinha South African Airways, igualmente com Luanda como um importante destino, embora com uma dimensão incomparavelmente superior, quer em número de aviões na frota, quer em destinos em todo o mundo.
Mas, apesar da grandeza e da importância estratégica que tem, não só para a África do Sul, mas também para o continente africano, a SAA, como defende o próprio Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, tem de ser imediatamente colocada em situação de "empresa em recuperação", que é a forma de manter a empresa protegida em caso de bancarrota sob responsabilidade de um gestor especializado nomeado pelo Estado.
Sendo uma das mais importantes empresas públicas sul-africanas, a SAA devido à crise que atravessa, já consumiu mais de 1,4 mil milhões de dólares norte-americanos ao Estado nos últimos três anos em injecções de capital, sendo que a companhia vem acumulando prejuízos desde 2011, segundo fez saber o Governo em Dezembro.
E isto, apesar da grandeza da verba em causa, segundo relata a imprensa sul-africana, mais de 1,4 mil milhões USD, serviu apenas para evitar o iminente colapso e manter os aviões no ar.
No entanto, após indicação nesse sentido pelo Presidente Ramaphosa, o Estado nomeou um gestor para tentar a recuperação da empresa, entretanto colocada em situação de recuperação, logo, legalmente protegida de credores, e a 20 de Dezembro.
Les Matuson, o gestor escolhido, em declarações à imprensa em finais do ano passado, defendeu que "existe uma forte possibilidade de salvar a empresa da falência" e assim salvar os mais de 10 mil postos de trabalho que estão em risco.
"Estamos em crer que o plano de recuperação é uma melhor e menos onerosa solução para os sócios que a imediata liquidação da empresa", disse ainda Matuson.
A SAA, como recorda a Reuters, tem sido alvo de um "claro desgoverno e corrupção" durante os últimos anos, o que a colocou numa situação de iminente colapso, sendo claramente uma das empresas públicas sul-africanas em pior situação, embora a maioria destas esteja no "vermelho" há vários anos, sendo a eléctrica Eskom não só a maior como também a que está em pior situação.