Esta nova legislação, que tem sido, pelo menos nos últimos 20 anos, travado pelas anteriores administrações, de forma a proteger a relação estratégica entre Washington e a Arábia Saudita, vai permitir à justiça norte-americana accionar judicialmente os membros do "cartel", sendo que, no limite, podem mesmo ver confiscados os seus activos nos EUA.

Esta nova lei, que, para já, passou, segundo as agências, no comité especializado do Congresso norte-americano, vai, depois de totalmente oficializada, se chegar à aprovação pelas duas câmaras do Congresso, permitir ao Departamento de Justiça dos EUA processar os membros da OPEP por "manipulação do mercado".

Recorde-se que a Administração Trump tem feito da redução do preço do petróleo cavalo de batalha por considerar que esse facto é essencial para a economia nacional, fortemente sustentada, ainda, na queima de combustíveis fósseis, a par de uma reiterada negação dos efeitos nefastos das alterações climáticas potenciadas em grande medida pelos gases com efeito de estufa proveniente do uso dos hidrocarbonetos.

Mas uma das questões consideradas essenciais para Donald Trump por um alargado número de analistas é que o eleitorado fiel aos Republicanos quer e exige gasolina barata para os seus carros e o calendário eleitoral do país impõe a realização de eleições presidenciais em 2020, às quais Trump já disse que vai concorrer para um segundo mandato.

Em causa está a possibilidade de, por via judicial, os países membros da OPEP verem os seus bens confiscados nos EUA, com destaque para activos financeiros provenientes do petróleo ou ainda as quotas em infra-estruturas do sector, como refinarias, por exemplo.

Como tem sido referido na imprensa internacional especializada, existe um reverso da medalha que pode voltar a colocar esta polémica lei "antitrust" na estaca zero: a pressão que as multinacionais petrolíferas, ou outras, norte-americanas, como a ExxonMobil, por exemplo, com interesses em Estados-membros da OPEP - Angola ou a Nigéria são dois exemplos disso -, já estão a fazer com receio de que quaisquer actos contra esses países resultem em represálias.

Isto, quando é sabido que os EUA têm em curso uma ofensiva diplomática de larga escala em África, e não só, que visa diminuir o poder de influência da China, especialmente no universo da exploração de recursos naturais, como o petróleo.

Como pano de fundo para esta nova "guerra" de Donald Trump está o facto de as economias dos países da OPEP, agora reforçada com o espectro de constituição de uma organização mais alargada com a entrada em cena de uma aliança estratégica entre a Rússia e a Arábia saudita na forja, não poderem admitir que o barril de crude permaneça em baixa por períodos longos devido à clara dependência das exportações da matéria-prima, como é disso bom exemplo Angola, cujas exportações ainda são garantidas em cerca de 95% pelo crude.

Mas, para já, esta lei está ainda dependente de aprovação pelas duas camadas do Congresso.