O fenómeno dos elefantes mortos no Botsuana, num número jamais visto sem que se saiba a razão, está a acontecer depois de o Governo de Gaborone ter criado legislação para permitir o abate dos paquidermes, alegando a necessidade do regresso do turismo de caça e ainda porque as manadas estão a crescer de forma insustentável devido aos longos anos de protecção a que esta espécie está sujeita por risco de extinção no continente africano e porque começam a invadir plantações na região devido à seca severa.

Entre os elefantes mortos, tanto no Botsuana como no Zimbabué, estão juvenis, adultos, fêmeas e machos, sem aparente distinção para a causa que está por detrás desta realidade que apanhou os cientistas desprevenidos e sem que, até ao momento, apesar de meses passados deste o início da mortandade, se saiba o que a causa.

Sabe-se apenas que muitos dos indivíduos que pereceram, antes de tombarem mortos, andam por algum tempo em círculos desconexos, acabando por desfalecer deixando a cabeça cair para a frente.

Os cientistas que analisam e estudam este fenómeno descrevem a situação como um "desastre natural" sem paralelo.

Nos voos de reconhecimento feitos recentemente, as grandes manadas com centenas de elefantes deram lugar a apenas alguns, dispersos, quase sempre especimens mais velhos, sendo que isso significa que milhares fugiram da região, até agora sem que se saiba muito bem para onde, mas os países vizinhos são uma possibilidade, o que inclui, para além do Zimbabué, Angola, a Zâmbia, a Namíbia e até a África do Sul.

O Zimbabué, foi, alias, o primeiro país onde estas mortes misteriosas se repetiram, embora, como sublinha Roy Bengis, antigo chefe do departamento de veterinária do Parque Kruger, na África do Sul, citado pelo The Guardian, não existam provas de que se trata de causas iguais para as mortes nos dois países.

Para já, segundo os relatos mais recentes encontrados na imprensa do Botsuana e do Zimbabué, a caça furtiva está fora de hipótese como causa, e o envenenamento, apesar dos conflitos permanentes entre as populações humanas, especialmente fazendeiros, também não surge listado como possibilidade porque os necrófagos, animais que se alimentam das carcaças dos paquidermes mortos, não apresentam quaisquer sinais de debilidades físicas, o que seria normal suceder se se tivessem alimentado de cadáveres de animais envenenados.

Outros elementos com histórico de terem causado mortes em elefantes, como o antrax, uma bactéria comum em algumas regiões áridas de África, ou pesticidas, também foram descartadas como causas através de testes aos cadáveres.

Para já, segundo os especialistas, é importante que seja feita uma vigilância apertada nos países vizinhos, para onde os sobreviventes possam ter fugido, e recolher para análises laboratoriais especializadas amostras de tecidos colhidos de animais que tenham morrido há pouco tempo, guardando-as em boas condições de refrigeração porquanto esse elemento é fundamental para se encontrar uma explicação para estas mortes de ma das espécies em maior risco de extinção no continente.

Entretanto, as teorias que colhem mais credibilidade é tratar-se de uma epidemia de um vírus denominado EMC, com designação científica de encephalomyocarditis, ou então uma neurotoxina proveniente de uma alga que se desenvolve em poças de água com determinadas condições climatéricas, na maior parte em resultado de alterações climáticas que obrigam os animais a percorrerem largas distâncias para encontrar água, consumindo, por vezes, água contaminada em desespero por causa da sede severa.