O Governo da RDC declarou hoje extinta a epidemia de Ébola que estava activa desde 01 de Agosto de 2018, no leste do país, junto às fronteiras com o Uganda e o Ruanda, tendo feito mais de 2.200 mortos em cerca de 3.500 contaminações, embora estes números não sejam considerados fidedignos por diversas organizações internacionais, seja porque oficialmente são escamoteados por razões políticas, seja porque muitos dos doentes preferem não se dirigir às unidades de saúde devido a medos ancestrais, quase sempre incutidos por curandeiros tradicionais.

Mas, ao mesmo tempo que esta epidemia era dada como extinta, que foi a 10ª a surgir desde 1976, e a segunda mais mortífera, a seguir à que varreu a África Ocidental - Serra Leoa, Libéria e Conacri - em 2013/14, uma outra estava a ganhar força nas imediações de Mbandaka (na foto), uma cidade congolesa na margem do Rio Congo, na província do Equador, a cerca de 600 quilómetros da capital, Kinshasa, e não muito longe do local onde, na década de 1970, foi encontrado o primeiro humano com esta doença, adquirida através da ingestão de carne de animais selvagens.

Com este surto activo em Mbandaka já morreram pelo menos 13 pessoas em 25 casos registados, concentrando agora as atenções das autoridades congolesas e da Organização Mundial de Saúde (OMS), que já tem diversas equipas no terreno para apoiar as autoridades locais a conter o vírus, nomeadamente através de medidas de contenção sociais e da vacinação de centenas de pessoas nas circunscrições onde foram detectados os actuais casos.

O Ébola é a mais grave forma de febre hemorrágica que se conhece, embora a sua mortalidade esteja agora sob controlo, desde que os pacientes procurem os centros e postos de saúde, o que nem sempre sucede devido a crenças esotéricas das populações afectadas, porque uma vacina eficaz está em uso desde 2013 e com provas dadas na recente epidemia do leste das RDC, tendo sido um forte contributo para que a epidemia fosse hoje dada como terminada, ao fim de mais de 40 dias sem casos conhecidos.

Oficialmente, para que uma epidemia seja dada como extinta é obrigatório que não sejam conhecidos e registados novos casos de infecção por um período mínimo de 42 dias, que foi o que sucedeu neste caso, que chegou a ser uma ameaça à saúde pública global assim considerada pela OMS em 2019, devido ao risco evidente de progressão da infecção para países vizinhos, não só o Uganda e o Ruanda, mas também o Sudão do Sul e outros.

A origem mais usual do contágio para os humanos é o consumo de carne de animais selvagens, especialmente algumas espécies de morcegos e de macacos, portadores naturais do vírus, sendo a sua taxa de mortalidade muito elevada sempre, variando entre os 60 e os 90 por cento.

A actual situação na província do Equador reveste-se de especiais cuidados porque estando a cidade de Mbandaka, o epicentro desta epidemia, na margem do Rio Congo, o vírus pode facilmente deslocar-se para a capital do país, Kinshasa, a cerca de 600 kms, com a vizinha capital da República do Congo, Brazzaville, do outro lado da margem, e com, a jusante, ligação a Angola.