A avaliação anual promovida pela organização Transparência Internacional (TI), com sede em Berlim, assinala que Angola conquistou mais sete pontos do que na edição de 2018, tendo agora 26.

O relatório, que assinala como "significativos" os progressos conseguidos pelas reformas introduzidas pelo Governo, liderado por João Lourenço, para combater a corrupção após a mudança de eleitoral de 2017, ressalva, no entanto, que dado o seu baixo nível geral de pontuação, o País se mantém abaixo da média global (43 pontos) dos 180 países analisados.

"Dados os recentes escândalos, espera-se que a corrupção seja o tema dominante nos debates eleitorais para as eleições [locais] de 2020", indica o documento.

A avaliação do Transparência Internacional surge quando a actualidade mediática continua a ser marcada pelas revelações da investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), conhecida como Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros da empresária e filha do ex-Presidente de Angola, Isabel dos Santos, e do marido, que terão permitido retirar milhões do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

As alegações da investigação foram consideradas "completamente infundadas" por Isabel dos Santos, que se afirmou vítima de um ataque político e prometeu "lutar nos tribunais internacionais" para "repor a verdade".

O relatório da Transparência Internacional recorda que Isabel dos Santos foi afastada pelo Presidente João Lourenço da presidência da Sonangol, e que em Dezembro, na sequência das investigações a suspeitas de corrupção, um tribunal angolano ordenou o arresto dos bens da empresária.

A TI acrescenta que o País conseguiu recuperar cinco mil milhões de dólares em bens públicos roubados, mas sustenta que é "preciso fazer mais para fortalecer a integridade e promover a transparência na contabilização das receitas do petróleo".

O Índice de Percepção da Corrupção (IPC) classifica 180 países e territórios pelos seus níveis percebidos de corrupção no sector público, atribuindo pontuações entre 0 (percepcionado como muito corrupto) e 100 (percepcionado como livre de corrupção).

Na edição deste ano, dois terços dos países e territórios tiveram pontuações abaixo de 50 pontos.

A média global é de 43 pontos, enquanto a África Subsaariana, onde se encontram os países africanos lusófonos, é a região com a pontuação média mais baixa (32 pontos).

O índice é liderado pela Dinamarca e pela Nova Zelândia, com os mesmos 87 pontos, e em último lugar surge a Somália com 9 pontos.