"Concentração, não marcha", fez questão de dizer Laura Macedo em declarações ao Novo Jornal, para reforçar que as concentrações não precisam de autorização, mesmo tendo o grupo enviado uma carta para o Governo Provincial de Luanda, sem que tenha havido qualquer resposta.

Para Laura Macedo, isso significa que não há qualquer impedimento por parte do GPL, pois, "se houvesse, teria de existir resposta à carta enviada a 28 de Setembro nas 24 horas seguintes e, até à data, isso não aconteceu".

No cartaz que convoca a população para a manifestação do dia 21, que acontece 10 dias depois de a manifestação do Dia da Independência, em que morreu Inocêncio de Matos, ter sido fortemente reprimida pela polícia, as palavras de ordem escolhidas são "Angola diz basta!"

E para os que dão corpo e voz a esta concentração, "basta de falta de seriedade e transparência na luta contra a corrupção, basta de manipulação da imprensa, basta de mentiras e adiamentos das eleições autárquicas", segundo o que pode ainda ler-se no cartaz divulgado nas redes sociais.

Esta é já a terceira vez que a população é convidada a sair à rua em menos de um mês. Na primeira manifestação, no dia 24 de Outubro, milhares de jovens saíram à rua e concentraram-se nas imediações do Cemitério da Santana com o intuito de se dirigirem para o Largo 1º de Maio mas foram impedidos pela polícia, que deslocou para a zona centenas de efectivos, incluindo da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), das brigadas caninas e da cavalaria, para além dos agentes de Ordem Pública.

Apesar de ter sido uma iniciativa de organismos da sociedade civil, a manifestação contou com o apoio da UNITA.

No dia 24 foram detidas 103 pessoas, entre elas jornalistas, que depois de algumas horas encarcerados, foram libertados. As restantes, incluindo duas menores, continuaram detidas e foram julgadas sumariamente, tendo sido libertadas já no dia 1 de Novembro, com 26 réus absolvidos e 71 condenados, pelo crime de desobediência, a uma pena de um mês de prisão convertida em multa.

No dia 11 de Novembro, a juventude voltou a pisar as ruas em protesto contra o elevado custo de vida, o desemprego e pela realização das eleições autárquicas e a Polícia Nacional voltou, mais uma vez, a reprimir, com recurso à violência, a manifestação.

Para além de dezenas de detenções, alguns activistas, como Manuel Nito Alves e Laurinda Gouveia, foram feridos durante confrontos entre manifestantes e polícias tendo sido levados de imediato para uma unidade hospitalar de Luanda. Mas a memória que fica desse dia é a da morte de Inocêncio de Matos, um jovem estudante de engenharia que participava pela primeira vez numa manifestação.