Qual é a sensação de dirigir o superministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA)?

Para mim, foi uma surpresa e agradeço, desde já, ao Presidente da República. Há ideias que tinha fora das instituições oficiais que agora vou ter a oportunidade de aplicá-las. Penso cultura desde a minha adolescência, pelo que o superministério é só articular com a Cultura, Turismo e Ambiente e não secundarizar os secretários de Estado. Para mim, os secretários de Estado são ministros, teoricamente, aos quais entrego 90% das grandes responsabilidades. Os outros 10% são discutidos num briefing semanal que lidero, em que a Cultura entende o Ambiente, o Ambiente entende o Turismo e este último entende a Cultura. Acho que é uma técnica que tem estado a resultar. É funcional.

Nestes dois meses à frente do MCTA, que problemas já identificou?

É, sobretudo, no Ambiente. O Ambiente como tem dinheiro... licenças, etc. O resto é tudo pacífico. Temos de ter a capacidade de reduzir de forma simples aquilo que é complexo. A simplicidade é o controlo da complexidade. Não é simples quem quer. Não podemos recuar, obviamente, perante problemas complexos. Temos de tentar reduzi-los ao simples. E simples não é simplista.

Disse que vai implementar algumas das ideias que tinha quando ainda não era ministro. Em relação ao Ambiente, que é o sector onde diz haver mais problemas, que ideias tinha fora e que pensa em colocá-las em prática?

Referia-me à Cultura. Nunca fui ambientalista. Mas acho que um indivíduo que tenha tido uma boa 4.ª ou uma boa 8.ª classe, um médio, consegue dirigir o Ministério [da Cultura, Turismo e Ambiente]: sabe fazer contas, sabe o que é a biodiversidade, flora ou fauna. Um derrame todo o mundo sabe o que é [Em meados de Dezembro]. Houve um derrame em Cacuaco de óleo queimado, uma empresa que compra óleo queimado. Fui lá ver...

Não tem faltado «mão pesada» do Estado sobre o assunto dos derrames?

Mão pesada? Não!

É que nunca assistimos a julgamento ou a punições concretas que limitassem outros possíveis infractores.

Há multas e há situações em que se firmam acordos amigáveis. Por exemplo, há derrames cuja contrapartida pode ser a construção de qualquer coisa ligada ao ambiente. Há vários tipos de negociações que não só a penalização pura.

Há ou tem havido?

Tem havido outros processos negociais. E alguns os aprendi aqui. Aliás, sou uma pessoa que quando não sabe pergunta. Portanto, não vamos pensar que temos um ministro que entende tudo.

À boca pequena, dizia-se que era assim que pensava Adjani Costa, a sua antecessora...

Não percebi.

Dizia-se que a antiga ministra não dava espaço aos secretários de Estado.

Isso é passado, e cada um tem os seus métodos de gestão. Isso tem de ser respeitado.

Mas soube destes relatos em relação à liderança de Adjani Costa?

As coisas negativas do passado eu tenho-as num compartimento que está fechado. Só vou buscar o passado se, de facto, for útil na prossecução da minha gestão ou da forma como eu encaro este fenómeno tripartido.

Diz-se que o Executivo planeia desmembrar a Cultura dos outros dois sectores, o Turismo e Ambiente. Tem conhecimento disso?

Não.

Reagiria bem a um possível desmembramento?

Tenho de reagir [bem]. Quem sou eu?! Nós temos um Titular do Poder Executivo...

Se tivesse direito de voto, votaria a favor ou contra o desmembramento?

Completamente contra, porque estou muito bem a gerir os três sectores.

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