Bassirou Diomaye Faye, de 44 anos, é o mais jovem Chefe de Estado do Senegal desde a independência do país, em 1960, e pode ser aquele que vai marcar uma transformação radical da política interna e externa desta sólida, apesar do caos do último ano, democracia africana.

Para trás, Bassirou Faye deixa uma curiosa circunstância de chegar à Presidência passando da prisão, onde fora colocado pelo seu antecessor, Macky Sall, por críticas ao seu regime, para o boletim de voto e, pela via da esquerda ideológica, chegar ao poder para endireitar o país.

Para já, como pode ser relido aqui, Faye não pretende facilidades, até porque apontou a sua vontade de mudar quase tudo, a começar por cortar o longo braço da França sobre as suas antigas colónias da África Ocidental, com o Franco CFA como alvo prioritário.

E, num contexto regional de geografia mais que variável, onde Mali, Níger e Burquina Faso, os vizinhos a este, já cortaram as ligações a Paris, através de golpes militares, o Senegal deverá apostar numa autonomização de Paris sem violência nem rupturas dramáticas... se conseguir.

Como a Lusa noticiou, na crimónia de tomada de posse estiveram os Presidentes da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, e de Cabo Verde. José Maria Neves, assim como o chefe de Estado nigeriano e actual presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Bola Ahmed Tinubu; o mauritano Mohamed Ould Cheikh El Ghazouani, o gambiano Adama Barrow, o guineense Mamadi Doumbouya, entre outros representantes de Estados africanos.

A transferência de poder entre Sall e Faye em resultado de eleições é a terceira na história do Senegal e marca o fim de um braço de ferro de três anos entre o chefe de Estado cessante e a dupla vencedora das presidenciais de 24 de março: Faye e o homem que o apoiou depois de ter sido impedido de se candidatar, Ousmane Sonko.

Pan-africanista de esquerda, Bassirou Diomaye Faye, foi eleito com a promessa de uma ruptura com o sistema actual, e elegeu como primeiro tema no discurso de tomada de posse a segurança regional, apelando a uma "maior solidariedade" entre os países africanos "face aos desafios" neste domínio.

"A nível africano, a dimensão dos desafios de segurança (...) exige de nós uma maior solidariedade", afirmou o novo chefe de Estado senegalês.

"Reafirmo o empenhamento do Senegal em reforçar os esforços para promover a paz, a segurança, a estabilidade e a integração africana", acrescentou.

O novo Presidente senegalês prometeu uma "mudança sistémica" à frente do país e uma "maior soberania" do mesmo, afirmando estar "consciente" de que a sua vitória nas presidenciais exprimiu "um profundo desejo de mudança sistémica".

Faye disse ainda que ouviu "claramente a voz das elites desinibidas que afirmaram alto e bom som as [suas] aspirações a uma maior soberania, desenvolvimento e bem-estar".