O cenário económico vivido actualmente pelo País obriga a governação a fazer muito com pouco. Arriscaria mesmo a dizer que, nessas circunstâncias, os governantes estão instados a fazer omeletes sem ovos, ou seja, os desafios que se lhes apresentam são enormes e exigem perspicácia e tomadas de decisão que concorram para a obtenção de resultados positivos. O servidor público do alto escalão (e não só) terá de moldar a respectiva mentalidade aos tempos modernos em que as loucuras financeiras do passado ficaram mesmo no passado. Pelo menos na dimensão pornográfica em que acontecia...

Um dos sectores que mais sentem os efeitos da diminuição drástica de ingressos na economia angolana é o desporto. Os cofres públicos estão de tal modo exauridos que não passaria pela cabeça de ninguém, por exemplo, propor a realização de um evento qualquer, mesmo de extensão regional. A situação é tão grave que, mesmo para compromissos internacionais ingentes, o Ministério das Finanças tem de fazer ginástica forçada para tentar agradar a gregos e a troianos, entretanto, sem sucesso. Por outras palavras, não será tão cedo que se voltarão a construir estádios e pavilhões a torto e a direito, a preços de que até Diabo duvida. Mas essas são águas passadas...

No desporto vem sendo dado exemplos de que se pode fazer muito com pouco. E muito não significa apenas a construção de pavilhões e estádios, cuja manutenção "come" consideráveis fatias do orçamento do Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD). O muito que está a ser feito é a arrumação metódica da casa, de modo a que o sector caminhe sobre carris e conheça a estabilidade organizativa que lhe permite ter desempenho assinalável lá mais para a frente. Mesmo não tendo "saco azul" à mão de semear, o departamento governamental que cuida da política desportiva do País tem mostrado trabalho sério, algo que merece ser mais valorizado, em razão exactamente das adversidades do momento.

Um exemplo perene de trabalho sério que vem sendo realizado foi o "1.º Fórum para a Profissionalização do Desporto em Angola", promovido pelo Ministério da Juventude e Desportos terça-feira última, 30. O tema genérico proposto pelo MINJUD, dirigido pela antiga "internacional" de andebol Paula Silva, é pleno de oportunidade. Afinal, há muito que o desporto angolano precisava de assuntar sem tibiezas. E nada mais acertado do que ser o MINJUD a dar o passo para o início oficial do debate que não quer calar.

Vários painéis conformaram o fórum amplamente concorrido. Antigos praticantes de renome, actuais e ex-dirigentes das principais federações, assim como outros agentes desportivos marcaram presença no evento, cujo discurso de abertura foi feito pela ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Rodrigues Dias. Até na escolha da voz inicial do conclave, o MINJUD foi feliz. Não apenas porque o local do evento era precisamente o auditório do MAPTESS, mas, sobretudo, porque o papel deste departamento governamental na estruturação do estatuto do desportista profissional e afins será mais que decisivo. Algumas sumidades do desporto estiveram lá e prestaram depoimentos das respectivas experiências.

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