Na opinião da vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Navita Ngolo, mesmo com a proibição do habitual comércio de animais selvagens, vivos ou abatidos, ao longo das estradas do País, para conter a caça furtiva que ameaça a sobrevivência de várias espécies, estas práticas continuam a existir.
"Deve haver equilíbrio nesta actividade, mas hoje, muitas pessoas influentes na sociedade fazem da caça uma actividade desportiva", disse, lamentando que a caça ilegal, com recurso a utilização de armas de fogo, é frequente nas reservas de caça do País.
De acordo com a deputada, o Executivo deve estabelecer princípios e regras de protecção e gestão dos recursos florestais e faunísticos e seus ecossistemas, assegurando que sejam utilizados e explorados de forma sustentável, integrada e responsável.
Para o secretário-geral do Bloco Democrático (BD), muitas espécies da fauna angolana correm sérios riscos de desaparecer se não se colocar fim à caça furtiva praticada em Angola.
"A caça tornou-se numa consequência que o Governo não consegue travar. Muitas pessoas recorrem à caça para sobreviver e outros fazem-no de forma desportiva", referiu.
De acordo com o político, "anteriormente existiam coutadas de caça, onde os caçadores podiam praticar a actividade dentro da legalidade, só que estes locais desapareceram e hoje caça-se em qualquer local, incluindo reservas e parques de protecção animal".
"O Bloco Democrático sempre defendeu o estabelecimento de princípios e critérios gerais de acesso aos recursos florestais e da fauna, tendo em consideração os aspectos ecológicos, tecnológicos, sociais, culturais, ambientais e afins", sublinhou.
Para o ambientalista Santos Junqueira da Costa Neto, "a caça de animais é uma das principais causas da redução de populações de animais e da extinção de espécies ameaçadas.
"A caça furtiva está a concorrer para o desaparecimento de algumas espécies animais. Os caçadores, na sua maioria ilegais, disparam contra animais, até mesmo no período de reprodução, um facto que reforça ainda mais o processo de extinção e deslocamento de alguns animais para outras regiões", referiu.
"A protecção da fauna e da flora tem de ser uma tarefa de todos nós. Com denúncias ou detenção dos infractores, iremos desencorajar essa devastação irresponsável de alguns dos nossos recursos naturais, que acontece por via de queimadas, exploração desenfreada de madeira e caça furtiva", acrescentou.
Um outro ambientalista José Carvalho Jamba, defendeu necessidade de intervir na sensibilização da sociedade civil num todo, incluindo as mais altas esferas políticas e governamentais, envolvidas nesta actividade.
"As intervenções actuais para travar a caça furtiva não estão a funcionar, pois as tendências mostram uma preocupante subida exponencial. É, portanto, necessário, e de forma urgente, adoptar novas estratégias para reverter o cenário", alertou.
Refira-se que o diploma apreciado pelo Conselho de Ministros tem por objecto estabelecer as normas sobre o exercício da actividade de caça, bem como regulamentar a gestão e o uso sustentável dos recursos faunísticos nos seus ecossistemas, tendo em consideração a dimensão ambiental, económica, social e cultural.
Na mesma sessão, o Conselho de Ministros apreciou o Decreto que cria o Conselho Nacional de Protecção de Florestas e Fauna Selvagem e aprova o respectivo Regulamento.
O Conselho Nacional de Protecção de Florestas e Fauna Selvagem é um órgão de consulta do Titular do Poder Executivo, instituído para assegurar a participação dos actores sociais interessados na gestão participativa das florestas e da fauna selvagem.
Este órgão assume também a missão de contribuir para a coordenação institucional na preparação de decisões, em especial de ordenamento florestal e faunístico, relativas à protecção de florestas e fauna selvagem.