O comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, comissario-chefe Eduardo Cerqueira, desmentiu na noite de quarta-feira as informações postas à circular nas redes sociais e em vários órgãos de comunicação social de que tinha sido morto um dos manifestantes com um tiro na cabeça, como foi afirmado pelos seus amigos, inclusive ao jornalista do Novo Jornal.
Essas informações davam como certo que um manifestante tinha sido baleado mortalmente na cabeça por elementos da Polícia Nacional durante a manifestação convocada pelos Movimento Revolucionário e Movimento pela Cidadania que aconteceu ontem, dia 11 de Novembro, em Luanda noutros pontos do País.
Para além da polícia, também os amigos do jovem em questão, que dá pelo nome de "Lando", desmentiram o seu falecimento nas redes sociais, onde foi, inclusive, divulgada uma foto hospitalizado e com ferimentos na cabeça provocados por uma queda quando procurava escapar a uma carga policial.
"Graças a Deus o activista cívico Lando" (...) que publicamos que havia perdido a vida, encontra-se vivo!", Escreveu um amigo do jovem nas redes sociais e acrescentou: "Quero pedir desculpas à família e a todos por ter compartilhado que o nosso activista havia perdido a vida".
Um cidadão de 33 anos, que não aceitou ser identificado, e que participou da manifestação de ontem, contou hoje ao Novo Jornal que esteve presente quando o jovem supostamente morto caiu ao fugir da polícia durante os confrontos.
"Ele na verdade não morreu, estávamos juntos quando caiu e ficou inconsciente. Foi levado para o hospital Américo Boavida por uma ambulância", disse, acrescentando que não foi uma ambulância da polícia.
O Novo Jornal falou ainda com Dito Dali, um dos organizadores da manifestação, que avançou também que o jovem não tinha morrido no local e que não tinha informação da ocorrência de qualquer morte, embora sublinhasse que estavam pessoas hospitalizadas com alguma gravidade.
Aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, comissário-chefe Eduardo Cerqueira, afirmou, quarta-feira à noite, que não houve mortes durante a acção de dissolvição, pelas forças policiais, da tentativa de manifestação organizada por jovens, que, segundo explicou, desobedeceram ao decreto sobre o Estado de Calamidade Pública. E não foram disparadas municções letais, garantiu igualmente o oficial.
Quanto às detenções efectuadas pela PN em Luanda, Eduardo Cerqueira não avançou números mas afirmou que houve vários casos pontuais de cidadãos que desobedeceram à polícia e praticaram crimes diversos, acabando detidos.
"Entre os detidos há quem tentou atear fogo a bombas de combustíveis ou queimar pneus na via pública, detidos em flagrante", precisou Eduardo Cerqueira, acrescentando que a corporação, enquanto fiscalizador do cumprimento da lei, irá continuar a trabalhar na garantia do cumprimento da mesma.
Sobre os jovens que acabaram nas esquadras da polícia devido a outras circunstâncias, o oficial garantiu que foram devolvidos à liberdade após forte aconselhamento para não voltarem a repetir os actos que conduziram à sua detenção.