A detenção foi o cumprimento de uma "notificação vermelha" da Interpol, de acordo com fonte do Novo Jornal, que informou que, na sexta-feira, o Gabinete da Interpol de Lisboa ficou de apresentar Abel Cosme a um juiz, para a legalização da detenção.

A mesma fonte avançou que o Gabinete Nacional da Interpol junto do Serviço de Investigação Criminal "já está a accionar os "procedimentos necessários" para que as autoridades angolanas possam requerer, o mais rápido possível, a extradição de Abel Cosme.

Abel Cosmo foi condenado à revelia no processo do Conselho Nacional de Carregadores, que envolveu também o ex-Ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que, em Agosto de 2019, foi condenado a 14 anos de prisão, por peculato, branqueamento de capitais, associação criminosa e artifícios fraudulentos para desviar fundos do Estado.

No mesmo processo foram também condenados o ex-director-geral do CNC, Manuel António Paulo, a 10 anos de prisão, e os antigos directores-adjuntos Isabel Bragança e Rui Manuel Moita, a 12 anos e 10 anos, respectivamente.

O funcionário Eurico Pereira da Silva foi condenado, a dois anos de cadeia, com pena suspensa. Em função do recurso interposto, o plenário do Tribunal Supremo decidiu, em Dezembro de 2019, reduzir as penas dos réus. A de Augusto Tomás baixou de 14 para oito anos.

Segundo a acusação, em Agosto de 2009, um mês antes da constituição da empresa AfriTáxis, o Conselho Nacional de Carregadores e a Unicargas, representados pelos fugitivos Agostinho Itembo e Abel Cosme, transferiram de forma ilícita para esta empresa mais de três milhões de dólares e cerca de 247 milhões de kwanzas, com a pretensão de serem sócios deste empresa, embora isso nunca tenha acontecido.

Dizia o Ministério Público na acusação que, com esses valores, a empresa AfriTáxis adquiriu cerca de 300 viaturas, tendo, no entanto, o réu Augusto Tomás orientado no sentido de a gestão de 150 viaturas ficarem a cargo do CNC e da Unicargas para serem utilizados nas províncias de Benguela, Huíla e Cabinda.

Por isso a Rend-Angola, da qual eram sócios Abel António Cosme, então PCA da Unicargas, e Agostinho Itembo, antigo director-geral do Conselho Nacional de Carregadores, seriam as representantes da AfriTáxis nas províncias de Benguela, Huíla e Cabinda, onde fizeram a entrega de 50 viaturas cada.

Após a entrega dessas viaturas à Rend-Angola, referia acusação, esta não deu qualquer contra-partida ao Estado, que acabou por ficar prejudicado.