Em Rafah, as forças militares israelitas tomaram, numa ofensiva lançada a 07 de maio, as zonas da passagem para o Egipto e do ponto de Kerem Shalom, para Israel, bem como de outros 31 quilómetros quadrados de onde a população foi mandada retirar-se um dia antes.
Os aviões israelitas voltaram a atacar as zonas em torno do posto fronteiriço de Rafah, que permanece encerrado, disparando projécteis contra os bairros orientais de Al-Shuweika e Al-Jeneina, enquanto a força naval utilizou também metralhadoras contra as zonas ocidentais da cidade de Rafah, informou agência palestiniana Wafa.
No bairro de Zeitun, no norte de Gaza, pelo menos 10 casas foram bombardeadas perto da mesquita Hasan Al Banna e da Universidade de Gaza, deslocando milhares de pessoas que se abrigavam nas escolas.
"Dezenas de pessoas foram mortas na sequência dos bombardeamentos dos aviões de guerra ocupantes", indiciou a Wafa.
O número total de mortos desde o início da guerra em Gaza, a 07 de outubro de 2023, ascende a 34.844, segundo a contagem das autoridades palestinianas, enquanto pelo menos 78.404 pessoas ficaram feridas.
Além disso, milhares de corpos estão ainda enterrados sob os escombros e não podem ser alcançados pelas equipas de salvamento.
Israel desiludido com ameaça de Biden de suspender entrega de armas
Depois de fortemente pressionado, por exemplo, por milhares de estudantes das universidades do país, e em tempo de campanha eleitoral, o Presidente dos EUA ameaçou travar o envio de bombas para Israel.
O embaixador de Israel na ONU disse que a ameaça dos EUA de suspender a entrega de certas armas em caso de uma grande ofensiva em Rafah, no sul de Gaza, foi "dura e dececionante".
"Esta é uma declaração muito dura e decepcionante de um Presidente a quem temos estado gratos desde o início da guerra", disse à rádio pública israelita Gilad Erdan, referindo-se ao líder norte-americano Joe Biden. "É evidente que qualquer pressão sobre Israel, qualquer restrição que lhe seja imposta, mesmo por parte de aliados próximos preocupados com os nossos interesses, é interpretada pelos nossos inimigos" e "dá-lhes esperança", acrescentou.
O Governo dos EUA confirmou na quarta-feira que reteve o envio de um carregamento de armas para Israel, uma das medidas de Biden para influenciar o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"Neste momento, estamos a rever alguns envios de assistência de segurança a curto prazo, no contexto dos acontecimentos que se desenrolam em Rafah", afirmou o chefe do Pentágono, o general Lloyd Austin, durante perante um subcomité do Senado.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente estimou que vivam actualmente em Rafah cerca de 1,5 milhões de palestinianos deslocados pela ofensiva israelita contra o movimento islamita Hamas. "Preferimos que não ocorram combates importantes em Rafah, mas o nosso foco principal é garantir a proteção de civis", acrescentou Lloyd Austin, reiterando a posição que os EUA defendem desde há semanas.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, foi mais além e anunciou que os EUA estão a estudar reter mais envios de armas para Israel. Esta era uma decisão exigida desde há semanas a Biden pelos setores progressistas do Partido Democrata, que se opõem à guerra de Israel na Faixa de Gaza.
Há um mês que cerca de 40 congressistas, a que se juntou Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos Estados Unidos, pediram a Biden que tomasse esta medida. O apelo surgiu após um ataque israelita ter matado sete trabalhadores humanitários da organização não-governamental World Central Kitchen.
O chefe do Pentágono não deu detalhes sobre o conteúdo do carregamento retido, se bem que tenha avançado que se tratava de "munições de alto calibre". Segundo a CNN, está em causa um pacote com 3.500 bombas, das quais 1.800 com 907 quilos e 1.700 bombas com 226 quilos. Os EUA estarão sobretudo preocupados com a possibilidade de Israel usar as bombas mais pesadas em zonas densamente habitadas.
Polícia desmantela acampamento pró-palestiniano em Washington
Nos EUA, os estudantes das universidades do país persistem nos protestos contra a guerra em Gaza e contra a política norte-americana de apoio quase incondicional a Telavive.
A polícia deteve 32 manifestantes e desmantelou um acampamento pró-palestiniano na Universidade George Washington, depois de um ultimato feito pela autarquia da capital dos Estados Unidos.
A Polícia Metropolitana do Distrito Federal de Washington admitiu na quarta-feira ter usado gás pimenta contra os manifestantes, alguns dos quais foram detidos por agressão a um agente das forças de segurança e por entrada ilegal no campus da universidade.
A presidente da câmara municipal de Washington, a democrata Muriel Bowser, indicou que a autarquia e a polícia decidiram desmantelar o acampamento após sinais de que "o protesto estava a tornar-se mais volátil e menos estável".
Havia indícios de que os manifestantes tinham "reunido armas improvisadas" e estavam "a rondar" edifícios universitários com a possível intenção de os ocupar, disse a chefe da Polícia Metropolitana, Pamela Smith.
A universidade disse que protege a liberdade de expressão, mas defendeu que "o acampamento evoluiu para uma actividade ilegal, com os participantes em violação direta de múltiplas políticas universitárias e regulamentos municipais", de acordo com um comunicado.
Mais tarde, a administração disse que a instituição tinha retomado as actividades de forma normal, após uma "operação ordenada e segura" para dispersar os manifestantes.
Desde 18 de abril, cerca de 2.800 pessoas foram detidas em 50 espaços universitários dos Estados Unidos, de acordo com dados avançados pela agência de notícias norte-americana Associated Press, com base em declarações de universidades e autoridades locais.
Os manifestantes protestam contra o apoio dos EUA à ofensiva de Israel sobre a Faixa de Gaza e exigem às universidades que cortem qualquer relação com instituições ligadas a Telavive.
Estas manifestações pró-palestinianas e para exigir o fim do conflito em Gaza têm sido replicadas por todo o mundo, incluindo em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, no Canadá, na América Latina e na Austrália.