O projecto Air Connection Express foi anunciado, há cerca de um mês, com pompa pelo ministro dos Transportes, Augusto Tomás, mas, agora, pouco depois de levantar voo, foi obrigado a uma aterragem forçada por ordem de João Lourenço quando a companhia já tinha mesmo procedido à encomenda de seis aviões à Bombardier, modelo Q-400, por quase 200 milhões de dólares.

O consórcio, que envolve seis companhias privadas, a TAAG e ainda a ENANA, empresa pública gestora dos espaços aeroportuários e do espaço aéreo nacional, rapidamente gerou polémica devido ao envolvimento no negócio de figuras próximas da Presidência da República, inclusive um irmão de João Lourenço.

E foi ainda aproveitado pelo activista e jornalista Rafael Marques, logo após ter recebido um dos mais importantes prémios mundiais na área do jornalismo, do Instituto Internacional da Imprensa (IPI), como exemplo para explicar que a governação do Presidente João Lourenço está a dar sinais de cedência à corrupção.

Em declarações à Agência Lusa, a propósito do prémio, Rafael Marques afirmou que "João Lourenço também tem estado a dar sinais de que está a formar uma nova elite de saqueadores".

E deu o exemplo do consórcio Air Connection: "São as pessoas mais próximas que rodeiam o próprio Presidente que já estão a apoderar-se daquilo que é público e estão, basicamente, a manter o estatuto de principais dirigentes do país e principais homens de negócios. Esses indivíduos já tinham as suas empresas falidas e estão agora a receber oxigénio porque João Lourenço está no poder. Isto não é uma contradição, é uma falta de vergonha", acusou.

Se fosse concretizado, o consórcio seria composto pelas empresas públicas TAAG e ENANA, conjuntamente com as privadas Bestfly, Air Jet, Air 26, Guicango, Dieximim, Sjl e Mavewa, que Rafael Marques, para além de sublinhar serem propriedade de figuras muito próximas do Presidente João Lourenço, incluindo o seu irmão, estão em clara falência e tinham neste negócio uma tábua de salvamento fornecida pelo erário público.

O negócio, que agora João Lourenço resolveu obrigar a uma aterragem forçada, já estava de tal modo avançado, sob os auspícios do ministro dos Transportes, alegadamente, como sublinhou o Chefe de Estado, sem o seu conhecimento, que a empresa do Canadá, Bombardier, já se tinha co prometido com a formação de dezenas de assistentes de bordo, mais de meia centena de pilotos e pilotos e pelo menos 40 mecânicos.

Na ocasião, onde foi confirmado o acordo com a Bombardier, que deveria meter os primeiros aviões em Angola no início de 2019, o ministro do Transportes Augusto Tomás, justificou a aquisição destes aviões como modo de corrigir o erro que é a utilização dos Boeing 737-700 para voos internos, de curta duração. O governante incluiu ainda este negócio no contexto da reestruturação da TAAG e da ENANA.