Como o Novo Jornal noticiou na semana passada, o funeral de Inocêncio de Matos estava previsto para hoje mas acabou, afinal, por não se realizar sem que se saiba, para já, o porquê deste adiamento, alegando a sua família não o poder fazer sem mais explicações.
A irmã de Inocêncio, Paula de Matos, disse ainda, em conversa telefónica com o Novo Jornal, que a família já está na posse do resultado da autópsia feita ao cadáver mas também este não foi tornado público por razões não explicitadas pela família.
Pala de Matos, que é advogada, disse ainda que o funeral vai ter lugar em data ainda não marcada e o resultado da autópisia será divulgado quando for e se for essa a vontade da família.
"O funeral já não será hoje por razões que não podemos avançar", disse Paula de Matos, lamentando o facto.
"Não podemos explicar nem adiantar mais nada, apenas lhe posso dizer que o funeral terá lugar em data a anunciar noutra altura", acrescentou, sendo isso igualmente por razões que não pode adiantar.
Recorde-se que Inocêncio de Matos, de 26 anos, estudante de engenharia informática na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, morreu na tarde de 11 de Novembro, durante a manifestação marcada pela sociedade civil para protestar contra o desemprego, o aumento do custo de vida e, entre outras razões, para exigir a realização das eleições autárquicas.
A morte deste jovem, que segundo a família nunca tinha participado em nenhuma outra manifestação mas que desta feita não conseguiu resistir a estar presente, continua por esclarecer, havendo uma versão oficial, sem suporte em autópsia, avançada pelos médicos do Hospital Américo Boavida, de que a morte terá tido origem num traumatismo provocado por objecto contundente.
Apesar desta versão ter sido veiculada por um médico, em várias plataformas foram surgindo outras que apontam para a morte por disparo de arma de fogo real, ou ainda por uma bala de borracha disparada a curta distância.
O comandante provincial da Polícia Nacional, Eduardo Cerqueira, adiantou, no dia da manifestação, cerca das 20:00, quando o jovem já estava morto, segundo a versão do médico que o assistiu, desde as 16:00 desse dia, que este estava apenas ferido e hospitalizado e que em nenhuma circunstância os elementos das forças de segurança recorreram a armamento letal para conter os manifestantes.