A rescisão do contrato do Estado com a Bromangol poderá traduzir-se, já neste Natal, numa redução dos preços dos produtos alimentares, antecipa Carlos Cunha, confiante de que a classe empresarial possa "retribuir ao consumidor preços de maior competitividade face à decisão" exarada ontem, 9, pelo Presidente da República.

A ansiada descida dos preços explica-se com o fim de uma estrutura de controlo de qualidade há muito contestada pelos empresários, não apenas pelos valores cobrados pelas análises, mas também pela sua alegada ineficácia.

Grande parte das análises que eram cobradas nem sequer eram feitas, e muitas vezes quando eram feitas os resultados apareciam depois da mercadoria vendida. Sempre nos interrogámos: porquê a existência de uma estrutura sem qualquer eficácia?", aponta Carlos Cunha, presidente da assembleia-geral da Associação das Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA).

Em declarações à Rádio Nacional, o responsável defende que a Bromangol sempre foi "um empecilho só para encarecer o produto", que chegava a cobrar pelas análises entre sete a 15 vezes o preço das mercadorias.

Para além disso, sublinha Carlos Cunha, a Bromangol "tanto tributava 100 caixas de iogurte como 5.000. A análise era feita por unidade, independentemente da quantidade", tornando a importação de produtos de curta validade incomportável.

Ao mesmo tempo, a ECODIMA sempre contestou a legalidade dos procedimentos, tendo em conta que a Bromangol fazia inspecções que as empresas já estavam obrigadas a fazer no Laboratório do Ministério da Agricultura.

Havia uma duplicação de custos sobre a mesma mercadoria. Temos um resumo exaustivo da situação, e posso dizer que os impostos pagos ao Ministério da Agricultura rondavam mais ou menos 8% dos impostos pagos à Bromangol, o que significa que a Bromangol era 12 vezes mais cara do que os impostos do Estado", indica o empresário.

O responsável da ECODIMA assinala igualmente que "não fazia qualquer sentido que uma empresa privada, seja de quem for, pudesse operar no terminal portuário e aeroportuário, criando como condicionante de que o início de qualquer despacho tivesse de passar pela empresa de fiscalização".

Carlos Cunha chama ainda a atenção para o facto de, embora privada, a Bromangol gozasse do privilégio de estar sediada em instalações do Estado.

"Nós lutamos há sete anos para que isto [do fim do monopólio da Bromangol] fosse possível", frisa o empresário, enaltecendo a intervenção presidencial.

"Esta decisão é das coisas que mais nos gratifica. Parabéns Governo, parabéns Presidente João Lourenço".