Por detrás desde sobe e desce vertiginoso do valor do crude, nos mercados internacionais, durante as últimas semanas, está a "montanha russa" em que se transformaram as relações EUA-China, cuja guerra comercial que travam há mais de um ano tem sido o combustível para momentos de pânico e de súbitas euforias nos mercados bolsistas, incluindo os da matéria-prima que sustenta em grande medida a economia nacional.
A impulsionar o barril durante o dia de ontem, esteve a decisão do Presidente dos EUA em protelar a aplicação de novas tarifas, como tinha ameaçado, de 10% sobre mais de 300 mil milhões de bens Made in China.
O que está por detrás da súbita queda observada hoje, é incerto, embora os analistas admitam que sejam os dados mais recentes sobre o comportamento da economia global que tresanda a pessimismo, sendo um dos factores desse "mau cheiro", para além do anormal comportamento dos títulos do tesouro norte-americano, a vertiginosa queda no número de veículos vendidos na China, onde os dados referentes à performance da máquina industrial em Julho são os mais negativos desde 2002, na Europa, com destaque para a estagnada Alemanha, e na Índia.
E o esboroamento da confiança é apontado como outro factor que pode levar a que o sobe e desce da tensão comercial entre EUA e China passem para um plano secundário se, efectivamente, nada de realce suceder em breve.
Todavia, ao que admitem os analistas das casas financeiras mais citadas pelas agências internacionais, tanto Trump como Xi Jinping, o Presidente chinês, já terão percebido que está exangue o intervalo para manobrar com os seus sucessivos "bluffs" em busca de fraquezas no adversário e eventuais cedências nas negociações comerciais.
Isto, porque em questão estão negociações entre as duas maiores potências económicas planetárias e qualquer faísca nas respectivas economias geram fogos gigantes nas restantes economias, especialmente nas mais fragilizadas, como são as que dependem das exportações de petróleo - é o caso de Angola -, a matéria-prima mais sensível aos arrefecimentos económicos globais e a tendência de queda deve pronunciar-se ainda mais nos próximos tempos.
Mas isso vai depender da leitura que os mercados fizerem do que suceder quando, nos próximos dias, EUA e China retomarem as conversações, como Donald Trump anunciou que iria suceder quando afastou, por ora, as novas tarifas que deveriam começar a ser aplicadas a 01 de Setembro.