De acordo com as autoridades de Teerão, que consideraram abertamente os ataques dos Estados Unidos (ver links em baixo) como ilegais à luz da Carta das Nações Unidas, que garante o seu direito à retaliação em auto-defesa, estes ataques são o início e não o fim do castigo reservado a Washington.
Mas, como se sabe já há pelo menos quaro dias, os EUA retiraram a totalidade do seu pessoal militar das diversas bases no Médio Oriente, incluindo na Arábia Saudita, Bahrein, EAU e Catar, embora não seja certo que o mesmo tenha ocorrido nas bases do Iraque, onde é maior o risco de ocupação pelas múltiplas milícias pró-iranianas xiitas ali activas.
Segundo um comunicado dos Negócios Estrangeiros do Irão, as bases atacadas, com destaque para a conhecida Base de Al Udeid, no Catar, nesta segunda-feira, menos de 48 horas após o ataque dos EUA às instalações iranianas do programa nuclear, especialmente Fordow e Natanz, onde é enriquecido a maior parte do urânio que diz ser destinado a uso civil e não para produzir armas nucleares.
Segundo as agências de notícias, a divulgação deste ataque foi igualmente feito na TV estatal iraniana, com uma música marcial em fundo, sendo considerado um ataque de "enorme sucesso e eficácia".
Este passo ousado e arriscado do Irão não é propriamente uma surpresa, porque Teerão já tinha ameaçado que assim seria, mas estava pendente claramente da audição dos aliados mais próximos do Irão, a Rússia e a China, com a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, a Moscovo como tendo sido a antecâmara para essa decisão final do Líder Supremo Ali Khamenei.
Há ainda um registo histórico que permite admitir que esta retaliação iraniana foi definida para não ser uma medida escalatória mas sim para consumo interno, porque não apenas as bases norte-americanas foram esvaziadas nos últimos dias prevendo este desenlace, mas também porque no passado, em Outubro, aquando do assassinato do líder do Hamas, em Teerão, a retaliação iraniana foi previamente desenhada com Washington.
E o mesmo pode ter acontecido desta feita, porque a Axios, uma agência de notícias norte-americana, noticiou já depois dos ataques que Washington estava a par deste ataque.
No entanto, os desenvolvimentos subsequentes a este ataque iraniano, que, recorde-se, acontece apesar de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter ameaçado com um poder de fogo muito superior ao deste fim-de-semana, só serão devidamente percebidos nas próximas horas.
Até porque, como o Novo Jornal sublinhava nas peças anteriores, os EUA não retiraram não retiraram nenhum dos seus maios militares, navais e aéreos, da região, bem como das bases globais que servem de suporte às guerras norte-americanas no Médio Oriente, como é o caso das Lajes, no Açores, Portugal.
Além disso, segundo relatam as agências, as defesas anti-aéreas cataris garantem ter abatido todos os mísseis iranianos que entraram no seu espaço aéreo, não havendo nem vítimas nem estragos nos alvos alegadamente visados pelo Irão.
O que contraria a informação previamente avançada pelas forças armadas iranianas, a IRGC (Guarda Revolucionária do Irão) que, segundo os media locais, garantem que pelo menos três dos seus mísseis atingiram os alvos previamente definidos.
E esta força de elite militar do Irão, directamente sob comando do aiatola Ali Khamenei, veio ainda reforças as ameaças aos EUA e a Israel, garantindo que nenhum ataque ao país ficará sem resposta adequada.
Todos os países da região encerraram os seus espaços aéreos.