O Ministério Público (MP) entende que os argumentos dos arguidos são manobras delatórias para tentarem esquivar-se da responsabilidade criminal de que estão acusados. No entanto, o tribunal vai convocar o SIC para esclarecer os factos.

Esta segunda-feira, a sessão prosseguiu com o interrogatório aos acusados, que, em tribunal, afirmaram que não foram eles os autores da morte do então reitor da Universidade Gregório Semedo.

"Os agentes do SIC bateram com muita força à minha porta, esbofetearam-me e fizeram vários disparos de arma de fogo, em frente da minha família. Sem mandado de captura, e sem saber as razões da minha detenção, fui levado a um lugar que parece secreto, na Centralidade do Kilamba, a que eles chamam Floresta, onde me acusaram de ter matado o professor e disseram que iria morrer por envenenamento", disse o arguido Adriano Júnior "Mula", de 33 anos.

Hélder de Ricardo "Pambala", de 23 anos, contou que almoçava num restaurante no Zango 8.000 quando foi surpreendido pelos agentes do SIC que lhe ordenaram que pusesse as mãos no ar.

"Tão logo levantei as mãos, fizeram um disparo que atingiu o braço esquerdo. Não entendi nada, fui levado, fui espancado, colocaram-me a pistola na cabeça enquanto diziam que iria morrer", relata.

Em tribunal, os três principais arguidos no processo, de seis acusados, negam ter feito o que reza a acusação do MP.

Questionados sobre como é que assinaram o auto de instrução preparatória, estes disseram que foram obrigados a aceitar a história sob fortes ameaças de morte.

Entretanto, a versão agora contada pelos suspeitos é contrária às iniciais, e que os próprios descreveram à imprensa no dia 15 de Janeiro, aquando da sua apresentação pública pelo SIC, como noticiou o Novo Jornal na altura.

O acusado de ser o autor do disparo que provocou a morte ao reitor da Universidade Gregório Semedo confessou aos jornalistas na ocasião ter disparado contra o académico porque Laurindo Vieira reagiu ao assalto quando foi abordado e tentou disparar, "pois encontrava-se armado".

Segundo estes arguidos, o plano era apenas levar o montante que Laurindo Vieira levantou no banco, e não o matar, como acabou por suceder porque a bala atingiu uma artéria vital.