Apesar de adiantar que "a concorrência é sempre bem-vinda", a empresária Isabel dos Santos considera que o mercado angolano não tem dimensão para mais operadores de telecomunicações.

"Quatro licenças num mercado de 24 milhões de pessoas é um cenário não sustentável", diz a bilionária, que antecipa fusões "ao fim de cinco ou seis anos".

O olhar da empresária foi transmitido à margem da participação na conferência Business for Africa and the World 2017, organizada pelo Mercado Comum da África Oriental e Austral (Comesa, na sigla em inglês) e encerrada no último sábado, 9, no Egipto.

Para além de manifestar reservas em relação à sustentabilidade da existência de quatro operadores de telecomunicações em Angola, Isabel dos Santos, que possui 25% da operadora UNITEL, adverte que o negócio não é tão bom como era há 15 anos, tendo em conta que o mercado atingiu a maturidade.

A empresária reconhece, porém, que este continua a ser um sector apetecível, que, "provavelmente vai atrair vários interessados".

De acordo com a consultora BMI Research, essa lista não será assim tão extensa, porque a entrada no mercado angolano vai obrigar a um grande investimento.

"Consequentemente, acreditamos que só os operadores já estabelecidos e com financiamento robusto e uma marca que já existe, como a Viettel, Orange ou Vodafone, podem ter sucesso, mas a insistência do Governo em manter parte da Angola Telecom vai limitar o interesse dos operadores mais comerciais", escrevem os analistas, num comentário ao anúncio do Executivo.

Vodafone na 'pole position' para entrar em Angola

Em linha com essa análise, a Vodafone surge na 'pole position' para operar a quarta rede móvel em Angola, prenúncio de melhores serviços e preços concorrenciais.

Segundo informações obtidas pelo Novo Jornal, a intenção da multinacional já é conhecida e foi manifestada às autoridades angolanas, que tardavam em abrir portas a uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo.

O cenário foi alterado com a anunciada abertura de candidaturas para um quarto operador, feita pelo Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação, que considera estarem já criadas as condições para que o processo arranque.

O mercado angolano é dividido entre a Unitel, com 73% da quota de mercado, e a Movicel, com 27%, "o que trouxe consequências negativas para a inovação e a escolha dos consumidores", mas a taxa de penetração móvel ligeiramente abaixo dos 50% "traz um considerável crescimento potencial para a Angola Telecom e para o quarto operador".