Um dia passado do encerramento das urnas, o Zimbabué vive um clima de tensão, como referem os jornais online zimbabueanos, com os candidatos principais, Emmerson Mnangagwa, 75 anos, da ZANU-PF, e Nelson Chamisa, 40 anos, do MDC-T (ambos na foto), a reclamarem a liderança na contagem de votos que, oficialmente, ainda não são conhecidos.
Até ao momento ainda não ocorreram episódios significativos de violência, como era costume em eleições anteriores, mas a tensão existe e nota-se nas palavras dos candidatos, com ambos a afirmarem liderar a contagem de votos, mesmo que ainda não tenham sido dadas quaisquer pistas, oficialmente, pela CEZ.
No entanto, no que diz respeito à eleição dos parlamentares, e com dados oficiais já conhecidos, a vantagem é para o partido histórico e fundador da nação zimbabueana, ZANU-PF, com 109 eleitos, contra 41 do MDC-T, num total de 210 lugares possíveis, faltando apenas anunciar 58.
A tradição aponta para que os eleitores zimbabueanos mantenham uma coerência entre a votação para o Parlamento e para a Presidência, embora essa seja apenas uma indicação forjada no histórico democrático do país.
De acordo com os analistas citados hoje pela imprensa internacional, a vitória parlamentar da ZANU-PF é vista como normal, dado a esmagadora liderança deste partido nas zonas rurais, onde ganha em praticamente todos os cantos do país, embora as zonas urbanas apresentem um cenário completamente diferente, com o MDC-T a ganhar vantagem.
Este resultado da ZANU-PF deve-se em grande parte à influência das políticas agrárias - distribuição de terras pelo ovo nacionalizadas aos agricultores branbcos, desenvolvidas nos últimos anos pelos governos de Robert Mugabe, líder histórico desta força política e deposto em Novembro do ano passado por um golpe militar, justificado pela miséria galopante em que o país estava a mergulhar.
Nas zonas urbanas, o MDC-T vê o reconhecimento do igualmente histórico líder, Morgan Tsvangirai - o "T" advém do seu nome - falecido há meses, tendo dado a cara pela exigência de reformas profundas no Zimbabué.
Face a este cenário, a ZANU-PF deverá ver confirmada a sua vitória legislativa, faltando-lhe, apenas 30 eleitos para obter uma maioria entre os 210 lugares na Assembleia Nacional.
Outra coisa vai ser a eleição do próximo Presidente da República, apesar de algum favoritismo mostrado nas sondagens do candidato do partido que governa o Zimbabué desde a sua independência, em 1980, a ZANU-PF, protagonizado por Emmerson Mnangagwa, o homem que foi o braço direito de Robert Mugabe durante décadas e afastado da Vice-Presidência duas semanas antes do velho líder cair no golpe militar, num intrincado jogo palaciano, que envolveu a antiga primeira-dama, Grace Mugabe, pelo poder dentro do partido.
Isto, porque Nelson Chamisa, um jovem advogado e pastor evangélico, parece ultrapssar em combatividade o lider histórico do seu partido, Morgan Tsvangirai, tendo já feito declarações a chamar a si a liderança na contagem de votos e a afirmar-se como o próximo Presidente do Zimbabué.
Recorde-se que Robert Mugabe, horas antes da abertura das urnas de voto, veio a público, numa entrevista, dizer que não votaria na "sua" ZANU-PF, que apoiaria a oposição, porque não poderia votar em que lhe fizera mal pouco tempo antes.
Os resultados oficiais definitivos são vão ser conhecidos no próximo fim-de-semana, embora ainda hoje seja possível saber com relativa certeza quem vai ser o próximo Presidente zimbabueano.