Por detrás desta tomada do poder pelos militares está, como já explicaram os lideres militares, as atrocidades cometidas pelos homens que ladeiam o Presidente Mugabe, a quem acusam de estarem a prejudicar "profundamente" o país e o povo devido à corrupção e à má governação.
Mas os analistas locais e internacionais já não têm dúvidas de que as Forças Armadas zimbabueanas estão claramente a impedir que o poder seja tomado pela mulher de Mugabe, Grace Mugabe, tendo em conta que, devido à idade do Presidente, 93 anos de idade e 37 no poder, este já não detém o controlo do poder tanto no país como no partido, a Zanu-PF, que tem marcado um congresso para breve.
Face a estas movimentações de militares fortemente armados, e depois de se terem ouvido várias explosões em Harare, com o controlo da TV e da rádio estatais, e com a manutenção de Robert Mugabe sob custódia militar, a Zanu-PF já veio a público acusar as chefias militares de traição, acusando o Chefe de Estado Maior General e os seus adjuntos de estarem a protagonizar um golpe de estado efectivo.
Notícias não confirmadas apontam para que a mulher de Robert, GRace, já saiu do país na noite de terça-feira para hoje, assim como alguns dos seus principais aliados na estratégia de assalto ao poder em Harare.
O despoletar deste processo de tomada do poder pelos militares ocorreu na segunda-feira quando o Chefe das Forças de Defesa (Forças Armadas), general Constantino Chiwenga afirmou em público estar preparado pela assumir o poder para fazer colocar um ponto final no assalto ao poder em curso no país, depois de Mugabe ter demitido o seu Vice-presidente Emerson Mnangagwa, na passada semana.
Com esta demissão de Mnangagwa, que era tido como o sucessor natural de Mugabe, imediatamente se percebeu que por detrás do seu afastamento estava a mão de Grace Mugabe, de 53 anos, a quem é apontada uma férrea vontade de assumir o poder na Zanu-PF e no país.
Militares prometem regresso rápido à normalidade
Entretanto, num comunicado emitido nas últimas horas na ZBC, televisão estatal, um porta-voz das Forças Armadas garantiu que a normalidade será reposta assim que estiver cumprida a missão em curso, que visa levar à justiça os "criminosos" que rodeiam o Presidente Mugabe, pela forma como estão a gerar e aprofundar a grave crise social que o país atravessa.
Um dos detidos pelos militares e que estes pretendem ver julgado é o ministro das Finanças, Ignatius Chombo, que integra o chamado "G40", uma facção dentro da Zanu-PF, liderada por Grace Mugabe, e que é tido no Zimbabué como a força por detrás das pretensões da mulher do ainda Presidente Robert para ocupar o poder.
Chombo é ainda acusado pelos militares de ser um dos responsáveis pela corrupção sistémica no país.
Até ao momento ainda não existe uma sólida posição da comunidade internacional a condenar o golpe, mas os EUA e o Reino Unido já aconselharam os seus cidadãos que vivem ou se encontram no Zimbabué a permanecerem em suas casas ou nos hotéis onde estejam hospedados.
Mas o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, enquanto líder rotativo da SADC, já pediu aos militares zimbabueanos para evitarem a todo o custo que a situação resvale para a violência, apelando à restauração da normalidade o mais rápido possível.
Recorde-se que, de acordo com o conteúdo da Carta Africana sobre a Democracia, as Eleições e a Governação, os golpes de estado, miliares ou não, são condenados de forma veemente e não existem mecanismos que permitam o seu reconhecimento antes ou depois de efectivados.
esta determinação, mesmo que o objectivo dos militares à frente desta acção no Zimbabué seja provocar uma efectiva alteração no Governo, isso não ode ser declarado enquanto tal, porque e4staria condenado à partida pela União Africano e todos os países membros ou organizações sub-regionais, como a SADC.
No Artº III do capítulo dos Princípios, a Carta Africana garante "a rejeição e condenação das mudanças anti-constitucionais de Governo".