Por detrás deste temor do Presidente namibiano está a "ganância" de um cada vez maior número de pessoas no país que vai ao ponto de lhes ser insuportável verem que há outras pessoas que tem mais posses que elas e de ter verificado que os jovens demonstram estar cada vez mais "cheios de raiva" por falta de trabalho e se sentirem postos à margem da sociedade.

Face a este descontentamento da juventude, Hage Geingob descortina o aproveitamento de certos políticos que anseiam por serem os autores da ignição da revolta com a raiva como combustível da revolta "que direccionam contra a propriedade" alheia.

"As guerras civis é assim que começam", advertiu, sublinhando que "quem está com essa intenção, aproveitando o sofrimento das pessoas e aproveitam isso para as dirigir rumo à revolta, elas podem ir por não terem nada a perder".

Geingob disse ainda que "quem nada tem a perder, vai destruir bens dos que têm alguma coisa, tenham conseguido esses bens legalmente ou ilegitimamente. Estamos todos no mesmo barco e nele todos seremos queimados e mortos".

Mas, apesar do dramatismo destas palavras, o Presidente da Namíbia, citado pela imprensa do seu país, mostrou-se com esperança no futuro, porque "os jovens, apesar de tudo, ainda não foram por esse caminho, ainda não pegaram em armas".

Mas acusou de estarem por detrás desta ameaça à paz no país aqueles políticos que foram derrotados nas últimas e recentes eleições, seja para a Presidência, seja por lugares no Parlamento e não aceitaram os resultados das urnas de voto, garantindo que vai continuar a governar por ter obtido o mandato de forma legítima em eleições legítimas.

"Depois não digam que eu não avisei", apontou Geingob, sublinhando com insistência estar a ver sinais de começo de uma guerra civil no seu país motivada pelo desespero dos seus adversários políticos.

E, em tom de ameaça, acrescentou: "Quem perde e insiste no lamento em vez de aceitar a derrota, então nós teremos de seguir em frente. Por isso, aviso-vos de que é assim que as guerras civis começam. São sinais que eu vejo, não digam que não avisei a tempo".

Sobre a causa genérica para este contexto social dramático, o Presidente namibiano encontra a corrupção e a escolha que algumas pessoas fizeram ao apontar o dedo aos mais ricos como estando pode detrás de negócios ilícitos como único meio para esse enriquecimento.

"Isto é ódio a quem conduz carros bonitos e vive em casas grandes e boas? Contra o que estamos nós a lutar? Se estas pessoas roubaram dinheiro para obter estes bens, então podemos chamá-los à justiça e prendê-los".

Recorde-se que a Namíbia atravessa uma pesada crise económica e social, sendo um bom exemplo disso, como o NJOnline já noticiou, a derrocada financeira de algumas das suas maiores empresas públicas, como a Air Namíbia ou ainda a televisão pública, a NBC, que tem observado sucessivos despedimentos como forma de evitar o colapso total..