Quando tudo indicava que após a conclusão do processo de inquérito, o juiz seria duramente sancionado, ou mesmo expulso da magistratura, o magistrado foi transferido para o Namibe.

O Novo Jornal soube que o processo de inquérito nunca foi revelado, mas fontes judiciais confidenciaram que o juiz voltou ao trabalho, no tribunal de Camucuio, no Namibe.

Em Outubro de 2024, a comissão permanente do CSMJ, durante uma sessão extraordinária, suspendeu este juiz que autorizou a libertação do cidadão libanês, Mohamad Lakkis, acusado do homicídio da cidadã angolana Ana Bela Marques, em Talatona.

Este inquérito tinha como objetivo averiguar os actos do magistrado durante a fase de instrução preparatória, quando foi emitida a decisão de libertar o acusado sob termo de identidade e residência, o que levantou fortes suspeitas de actos de corrupção.

Na ocasião, o CSMJ destacou que, "após averiguar os actos praticados pelo magistrado", a comissão deliberou pela homologação da suspensão, sublinhando que a medida visava garantir "a transparência e a credibilidade do sistema de justiça".

Este assunto foi muito mediatizado na altura, com a sociedade a exigir justiça pela morte cidadã angolana.

Segundo fontes policiais, após ser libertado da prisão, Mohamad Lakkis colocou-se em parte incerta.

Os factos descrevem que depois de o suspeito ser detido, no mês de Agosto, foi ouvido pela representante do Ministério Público (MP) junto do SIC-Luanda que, na altura, lhe impôs a prisão preventiva, por constatar o perigo de fuga, dada a gravidade do crime, e a possibilidade de, uma vez solto, perturbar a recolha de outras provas do processo.

No sentido de se avaliar a manutenção da prisão preventiva, a representante do MP encaminhou o arguido para o juiz de garantias, que, por sua vez, emitiu o mandado de soltura.

A vítima foi, alegadamente, atirada da janela do 3.º andar de um dos apartamentos do condomínio Belas Business Park, no Talatona, em Luanda, tendo morte imediata, e o suspeito foi detido após denúncia dos vizinhos.

A denúncia feita pelos vizinhos surgiu porque estes foram despertados pelo barulho que saía da casa do suspeito, sobretudo do lado da janela, conforme o Serviço de Investigação Criminal, em declarações à imprensa.

Segundo os familiares da vítima, esta decisão pôs em causa a realização de justiça porque sempre suspeitaram que o homem, sendo estrangeiro, poderia abandonar o País a qualquer momento, o que se cogita que terá acontecido.