"Temos um país bastante extenso. Uma densidade populacional que ronda os oito habitantes por quilómetro quadrado, maioritariamente concentrados na faixa do litoral, e sabemos que quanto maior for a densidade populacional mais viabilidade económica existe. Hoje em dia, todo o utente quer banda larga, independentemente de estar numa zona rural ou citadina", afirmou Aristides Safeca, durante um encontro com empresário e operadores do sector na terça-feira à noite.
No encontro promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, em Lisboa, o secretário de Estado das Telecomunicações angolano explicou que a "estratégia" de Luanda passa pela instalação de fibra óptica que, neste momento, já interliga todos os municípios do país.
"Estamos a falar de um investimento estatal de 12 mil quilómetros de fibra mais os investimentos privados da ordem dos 15 mil quilómetros", explicou Safeca.
O governante angolano disse ainda que o plano de comunicações prevê também "os feixes hertzianos como alternativa", mas como uma grande parte do país "fica descoberto" o Executivo optou também pelo satélite, de fabrico russo, e que vai ser lançado em 2017.
"Ao avaliarmos os custos operacionais verificamos que ao investir num satélite teríamos muito maiores ganhos, e ganhos indirectos pela capacitação dos recursos humanos assim como pela indução de outros seguimentos da economia. Quando estamos a estruturar o programa espacial nacional de Angola, estamos a estruturá-lo a muito longo prazo", afirmou o secretário de Estado das Telecomunicações de Angola.
"Este satélite será 100% russo e, se calhar, daqui a 20 anos será ainda 98% russo ou americano ou qualquer outro, mas algures, - lá longe - existirá a incorporação cada vez mais crescente através do saber fazer, que também temos inserido no nosso programa", acrescentou Aristides Safeca.
Segundo o secretário de Estado angola verifica-se ainda "uma demanda crescente todos os dias" e que precisa de "respaldo". Por isso, foi elaborada a interligação internacional em fibra óptica sendo que as ligações com o Brasil são consideradas essenciais.
"O Brasil tem um papel fundamental. Primeiro pela Lusofonia: tem conteúdos. Grande parte dos estudantes angolanos pratica o estudo à distância com universidades do Brasil e mesmo com universidades daqui de Portugal e isso só é possível à internet e à sua disponibilidade. É, neste contexto, que existe o investimento no cabo para o Brasil que também tem a dimensão de aproximar outra grande fonte de conteúdos que são os Estados Unidos", acrescentou, sublinhando a intenção do país em afirmar-se numa potência regional no setor das telecomunicações.
"Se Angola se transformar num hub internacional de telecomunicações, vão existir outras valências económicas que servem para fortalecer a nossa economia", concluiu Safeca.
Lusa / NJ