A aliança de esquerda (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa, partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon) garante 182 lugares na Assembleia Nacional, enquanto a aliança centrista de Emmanuel Macron ficou em segundo lugar, com 168 lugares. A União Nacional caiu da liderança para um terceiro lugar, obtendo 143 lugares.
Numa declaração ao país, o ainda primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou que vai apresentar a demissão a Emmanuel Macron durante a manhã desta segunda-feira, afirmando que não foi ele quem escolheu a dissolução da Assembleia Nacional, pelo que se recusa a "sofrê-la".
"Sei que, neste momento, se apresentam muitas incertezas, uma vez que não há maioria absoluta. O nosso país está numa situação sem precedentes e vai ter muitas responsabilidades em breve."
Ao reagir ao resultado das primeiras projecções, o líder da França Insubmissa afirmou que, no final de uma campanha eleitoral "tão importante", o povo francês "votou em consciência".
"Foi realmente um movimento civil enorme e sabemos o quanto isso é importante. O nosso povo descartou, muito claramente, aquilo que era pior para França".
Para Mélenchon, o chefe de Estado tem agora a obrigação de chamar a Nova Frente Popular a governar, uma coligação que "está pronta" para assumir tal responsabilidade. "A palavra vai ser cumprida: a Nova Frente Popular irá cumprir o seu programa na íntegra", garante.
Deixou ainda claro que a coligação que representa não entrará em negociações com o partido liberal de Macron, "sobretudo após ter combatido a sua política de inacção ecológica".
Depois das projecções, a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen afirmou que a vitória ficou "apenas adiada", sinalizando que a "maré está a subir".
"Desta vez não subiu suficientemente alto, mas continua a subir. E, por isso, a nossa vitória só tarda", afirmou.
Já o Palácio do Eliseu disse que Emmanuel Macron vai aguardar pela nova composição da Assembleia Nacional francesa para "tomar as decisões necessárias", o que quer dizer que o Presidente francês, que pediu "contenção" face aos resultados, ainda provisórios, não vai nomear para já um primeiro-ministro.
Stéphane Séjourné, secretário-geral do partido do Presidente francês, Ensemble, sublinhou que a Nova Frente Popular "não pode governar a França", uma vez que nenhuma coligação tem maioria.