Numa nota divulgada na Presidência da República, João Lourenço anuncia que Abel Chivukuvuku foi designado membro do conselho consultivo do Presidente da República "por existir uma vacatura".

Vacatura esta que, embora não sendo especificada na nota, resulta da morte do então Conselheiro e jornalista Ismael Mateus, o que levou "à necessidade de se adequar a composição do Conselho da República".

Esta entrada de Abel Chivukuvuku no Conselho da República é resultado de uma escolha do Presidente João Lourenço e não pelo facto de ter sido legalizado o seu partido, visto que a este órgão só aderem por inerência os lideres de partudos com assento parlamentar.

Desde que Chivukuvuku viu o seu partido passar no crivo do Tribunal Constitucional, os corredores da política nacional, que se fazem essencialmente nas redes sociais, encheram-se de suspeitas acaloradas de que esta legalização só aconteceu porque isso vai criar problemas internos à FPU, liderada pela UNITA.

O próprio líder da UNITA não deixou passar a oportunidade para vir a público afirmar que a legalização do partido de Chivukuvuku foi alicerçada em razões políticas, o que é o mesmo que dizer que o objectivo é prejudicar a UNITA e a FPU nas eleições de 2027.

"Sempre entendemos que quem tem condições de propor uma legalização deve ser legalizado e o que nós vimos foi subterfúgio, o PRA-JA teve todas as condições para obter a sua legalidade há muitos anos, razões políticas levaram a impedi-lo, razões políticas também (concorreram para a sua legalização) como agora o próprio Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder) está a confessar", respondeu Adalberto Costa Júnior ao ser interpelado pelos jornalistas sobre a criação do PRA-JA Servir Angola.

"Ouvi juristas a dizerem que a legalização agora é o fim da bancada parlamentar da UNITA e estamos a entender o que é que motivou a legalização, não foi uma vez mais a legalidade, foi sim o regime pensar que obtém dali alguma vantagem. A FPU está estável", assegurou.

O processo de legalização do PRA-JA estava em cima da mesa do Tribunal Constitucional desde 2019 e, uma após outra tentativa, viu recusada essa pretensão, sendo a questão das assinaturas o motivo repetido para a recusa.

Finalmente, há cerca de uma semana, o processo terminou com o anúncio da legalização do partido de Abel Chivukuvuku, que é um antigo e histórico dirigente da UNITA, de onde saiu para, e, 2012, encabeçar a lista da CASA CE nas eleições Presidenciais..

Apesar de Adalberto Costa Júnior garantir que a FPU, plataforma que não tem o estatuto oficial de coligação, sendo os seus deputados, todos, eleitos nas listas da UNITA, está de boa saúde, os analistas políticos coincidem em grande medida na ideia de que dificilmente um político com as características de Abel Chivukuvuku deixará de querer ocupar um lugar cimeiro na corrida à Cidade Alta.

Para já, Adalberto Costa Júnior negou que a legitimação o PRA-JA seja a "morte" da FPU, insistindo na tranquilidade no seio da plataforma, que elegeu 90 deputados em 2022.

"Nós estamos tranquilos, o regime, com os seus programas, tem sempre um propósito: dividir para reinar, sempre foi assim, a história sempre nos provou e todos sabemos o que se passa no seio daquele partido, crise grave", atirou, citado pela Lusa.