João Lourenço deu uma entrevista à agência de notícias espanhola Efe, em Madrid, na qual expressa satisfação pelos "bons resultados" alcançados pelo MPLA nas eleições de 23 de Agosto.

"Apesar das dificuldades, os resultados eleitorais foram bons, e o MPLA tem um grande apoio popular, que encoraja a continuar", disse o candidato do partido no poder, falando já na qualidade de Presidente eleito.

Segundo João Lourenço, embora a situação financeira de Angola seja "menos boa devido à queda dos preços do petróleo", o facto de o país viver em paz dá-lhe vantagem em relação ao seu "antecessor", referindo-se a José Eduardo dos Santos.

"Angola é um país em paz, um país no qual os cidadãos se reconciliaram e esta é uma vantagem em comparação com 38 anos em que meu antecessor era o Chefe de Estado, que durante pelo menos 27 anos governou em situação de guerra", considerou o político, confiante numa boa governação.

"Vamos nos concentrar principalmente no desenvolvimento económico e social do país", antecipou, reiterando o empenho na luta contra a corrupção e nepotismo. "Uma vez ganhas estas batalhas, vai ser mais fácil captar investimento para o país", defendeu na entrevista à Efe, revelando ainda planos para reforçar a Defesa.

"Estamos no processo de aquisição de aviões de vigilância marítima ao fabricante espanhol CASA", disse, sem esconder que o principal foco de inquietação está na vizinha República Democrática do Congo (RDC)".

"Estamos interessados em proteger a fronteira norte com a RDC e sabemos que a Espanha tem boas soluções e equipamentos para a protecção de ambas as fronteiras, marítimas e terrestres", avançou.

Para além da Defesa, João Lourenço adiantou que Angola está de portas abertas a investimentos espanhóis noutras áreas, como indústria, pesca e turismo.

"Diversificar a economia é fundamental e indispensável para sobreviver, é imprescindível abrir a nossa economia e esquecermos um pouco o petróleo", sublinhou o político, reforçando o potencial angolano extra-petrolífero.

O antigo ministro da Defesa referiu mesmo que Angola pode torna-se "uma grande potência agrícola, do tipo do Brasil", prometendo criar incentivos à agroindústria, para impulsionar o sector.

Mais contido nos planos de privatização de empresas públicas que sejam um "peso morto para o Estado", João Lourenço garantiu apenas que a ideia é para avançar, e que o novo Executivo tratará de fazer um estudo "caso a caso".

Ainda na entrevista à Efe, o anunciado futuro Presidente de Angola declara o objectivo de "preservar e usar" as "conquistas" dos antecessores, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, reafirmando a intenção de implementar reformas económicas, ao estilo de Deng Xiaoping na China.

Refira-se que Deng Xiaoping foi secretário-geral do Partido Comunista Chinês e líder político da República Popular da China entre 1978 e 1992, tendo criado o designado socialismo de mercado, regime vigente na China moderna e que posteriormente foi adaptado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para Angola.