"Foi com bastante comoção que o Bureau Político do MPLA tomou conhecimento do falecimento do Camarada João Baptista de Matos, GENERAL JOÃO DE MATOS", destacado combatente da luta pela Paz em Angola e antigo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas", lê-se na nota, à qual o Novo Jornal Online teve acesso.
Na mensagem, o MPLA recorda o João Baptista de Matos, general de Exército reformado, "como um intrépido Comandante político-militar, que soube interpretar e aplicar, na prática, os anseios mais nobres do Povo Angolano, na sua luta revolucionária pela conquista e preservação da Independência Nacional, da integridade territorial de Angola e da Paz definitiva, tendo granjeado, por isso, grande prestígio no País e no exterior".
Nascido em Maio de 1955, o general João Baptista de Matos esteve na génese das Forças Armadas Angolanas, tendo sido o primeiro Chefe do Estado-Maior General do país (entre 1992 e 2001) e fundador do Centro de Estudos Estratégicos em Angola (CEEA), cujo Conselho Geral presidia.
"O Centro de Estudos Estratégicos tem como actividade de carácter prioritário a criação de competências que impulsionem as actividades necessárias ao progresso económico e social, que constitui a batalha actual da Nação angolana", afirmava João de Matos, pouco depois da criação do centro.
Antes de presidir ao CEEA, João de Matos comandou a "ofensiva governamental que levou à conquista dos bastiões da UNITA no Planalto Central, em Outubro de 1999, sem no entanto capturar Jonas Savimbi", escrevia em 2002, o jornal português Público, dando conta de um artigo publicado pelo ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA na revista especializada "Política Internacional".
No texto destacado pelo diário luso, o general João Baptista de Matos revelava que os comandos portugueses desempenharam um papel decisivo na formação das unidades angolanas que conseguiram inverter a situação da guerra a favor do Governo de Luanda, imediatamente antes das negociações de paz de 1994.
"O poder do MPLA, legitimado pelo voto popular, estava em perigo e a capacidade de resistência parecia próxima do fim", escreve o Público, citando João Baptista de Matos, para quem o avanço da UNITA "parecia irresistível".
O fundador da CEEA referia mesmo que o 'Galo Negro' tinha ocupado em poucos meses "mais de metade do país", em resultado de uma situação em que as "Forças Armadas careciam de tudo: meios humanos e materiais, equipamentos".
O General João de Matos destacou-se também pela sua actividade empresarial.