Desde que a candidatura de João Lourenço à Presidência da República foi oficializada por José Eduardo dos Santos, a 3 de Fevereiro deste ano, o número dois do MPLA percorreu as 18 províncias de Angola e concedeu três grandes entrevistas, dentro e fora do país.
A primeira aconteceu em Washington, nos EUA, que visitou ainda na qualidade de ministro da Defesa, a segunda decorreu em Luanda, a uma semana do início oficial da campanha eleitoral, e a última realizou-se em Madrid, onde falou já na condição de Presidente da República eleito, embora antes do anúncio dos resultados definitivos das eleições de 23 de Agosto.
De volta a cada um desses momentos, o Novo Jornal Online recupera declarações sobre os temas que o terceiro Presidente da República de Angola elegeu como essenciais para "corrigir o que está mal e melhorar o que está bem" - e que se cruzam com muitas das metas traçadas pelo seu antecessor.
Fique com as palavras de João Lourenço (JLO) e as de José Eduardo dos Santos (JES) em relação a alguns dos assuntos que marcam a governação do país.
Combate à corrupção
JLO: "A corrupção em Angola é um mal que corrói a sociedade (...). Se falharmos neste combate à corrupção, falharemos também na melhor organização da nossa economia".
JES: "Não sei se algum dia vamos ultrapassar a corrupção, que deverá ser dos fenómenos mais antigos no mundo e que existe em todos os países, mesmo nos mais desenvolvidos".
JLO: "Se tivermos a coragem e a determinação de combater a impunidade, conseguiremos vencer a batalha da luta contra a corrupção".
JES: "Temos políticas direccionadas para combater a corrupção, designadamente a melhoria periódica das remunerações dos servidores públicos, o reforço da actuação do Tribunal de Contas, que fiscaliza as contas do Estado. Por outro lado, quando são detectados desvios os seus autores são responsabilizados nos termos da lei".
Aposta na juventude
JLO: "Continuaremos a contar, cada vez mais, com os jovens nas imensas tarefas do progresso e do desenvolvimento que nos esperam (...) Tal como no passado e no presente, o MPLA deposita grande confiança no papel e capacidade do jovem angolano que soube assumir um papel de destaque e de vanguarda em todos os processos de transformação".
JES: "Acreditamos na força, coragem e determinação da juventude angolana. Tal como se empenhou na guerra, para a defesa da Pátria e na conquista da Paz, e triunfou, a nossa juventude também vai, desta vez, ajudar a construir a nova Angola, que garanta bem-estar para todos".
JLO: "Acreditamos que continuaremos a contar com a força e inteligência dos jovens para o desenvolvimento da nossa economia, tarefa que nos espera na missão de construir uma Angola melhor".
JES: "A nossa juventude precisa de canais eficientes para se envolver na solução dos problemas que afectam toda a sociedade, contribuindo com o seu dinamismo, o seu entusiasmo e a sua criatividade".
Diversificação da economia
JLO: "Diversificar a economia é fundamental e indispensável para sobreviver, é imprescindível abrir a nossa economia e esquecermo-nos um pouco do petróleo (...) queremos diversificar o nosso sector industrial, as indústrias de transformação e extracção (...) Também temos a pesca (...) E quero insistir no turismo".
JES: "As nossas prioridades vão centrar-se na economia não petrolífera, conferindo um papel mais relevante aos sectores mineiro e imobiliário, à agricultura, à indústria transformadora, às redes de distribuição, à circulação mercantil, à prestação de serviços de qualidade e à concorrência empresarial, susceptível de conduzir à redução dos preços no consumidor".
Fuga de capitais
JLO: "Muitos angolanos têm dinheiro no estrangeiro e fazem lá investimentos, apelamos para que façam isso aqui em Angola para desenvolvimento do nosso país".
JES: "O empresário tem determinado papel a cumprir, não é só acumular riqueza, acumular dinheiro e mandar para fora, mas é acumular dinheiro para reinvestir, criar emprego e mais riqueza".
Valorização dos recursos humanos
JLO: "A base do desenvolvimento de qualquer sociedade não é o petróleo, não são os diamantes, não é nenhuma riqueza material. São os 25 milhões de cidadãos angolanos que temos hoje".
JES: "A verdadeira riqueza dos países está acima de tudo na força, na habilidade e na capacidade criativa do seu povo".
Criação de emprego
JLO: "Estabelecemos a cifra de 500 mil [empregos] abaixo do que aquilo que realmente vai acontecer. Temos a plena noção de que vamos conseguir ultrapassar essa cifra".
JES: "A nossa economia tem condições para garantir muitos mais empregos".
Realização das autárquicas
JLO: "A consolidação da democracia em Angola passa pela realização de eleições autárquicas (...) Com a instauração das autarquias, a administração estará mais próxima das populações, o que tornará mais fácil a percepção das suas necessidades e aspirações e, também, a sua satisfação".
JES: "Penso que todos queremos dar passos firmes em frente para aprofundarmos o nosso processo democrático, mas é melhor evitar a pressa para não tropeçarmos (...) a negociação e discussão dos diplomas legislativos para a legitimação e adequação jurídica do processo autárquico levará o seu tempo".
Partidos da Oposição
JLO: "Não fazem absolutamente mais nada em prol deste povo, senão apontar as faltas daquele que verdadeiramente trabalha (...) Só o MPLA tem obra importante para mostrar, em benefício de Angola e dos angolanos".
JES: "A oposição fala, critica, ameaça, mas quem constrói o país e trabalha para o bem-estar dos angolanos é o Governo do MPLA".
Meta nacional
JLO: "O país tem um rumo e estamos no caminho certo, no sentido da satisfação progressiva das aspirações e dos anseios mais profundos do povo angolano".
JES: "Que o país tem um rumo, penso que, hoje, já ninguém duvida (...) Orgulhamo-nos dos resultados alcançados até agora, que vão no sentido da satisfação das aspirações e legítimos anseios da sociedade angolana".