Numa apresentação perante a Assembleia-Geral da ONU das suas prioridades para 2024, Guterres afirmou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas - a principal plataforma para questões de paz global - está num impasse devido a "fissuras geopolíticas", apesar de admitir que não se trata da primeira vez que tal acontece.
Desta vez, porém, é a "pior", a "mais profunda e perigosa", num momento em que o "mundo entrou numa era de caos", com Guterres a descrever um cenário de "vale-tudo perigoso e imprevisível, com total impunidade".
"Durante a Guerra Fria, mecanismos bem estabelecidos ajudaram a gerir as relações entre as superpotências. No mundo multipolar de hoje, faltam tais mecanismos. O nosso mundo entrou numa era de caos. Estamos a ver os resultados: um vale-tudo perigoso e imprevisível, com total impunidade", sustentou.
Com o aumento do autoritarismo e a diminuição do espaço cívico, além de constantes ataques à comunicação social, Guterres apontou que a velocidade e o alcance da desinformação e do ódio aumentaram exponencialmente na era digital, com a busca pelo lucro a ajudar extremistas a semear a divisão.
Além disso, defendeu Guterres, as desigualdades, as privações económicas e as rápidas mudanças sociais e económicas aumentaram o medo, anunciando a publicação de um código de conduta para a integridade da informação que deve ajudar a tornar o espaço digital inclusivo e mais seguro para todos, ao mesmo tempo em que defende o direito à liberdade de expressão.