A detenção teve lugar na segunda-feira e já levou o Comité para a Protecção de Jornalistas, uma ONG internacional com sede em Nova Iorque, EUA, a pedir a imediata libertação do jornalista bem como a retirada de todas as acusações que pendem sobre ele por serem injustificadas.
Na notícia produzida por Kenneth Nyangani para o NewsDay é avançado que Grace Mugabe, de 52 anos, ofereceu, entre outros bens, alguma da sua lingerie a apoiantes do partido que é gerido há décadas pelo seu marido, o nonagenário Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe.
No entanto, o tribunal zimbabueano que recebeu a acusação de divulgar informação infundada, considerou-a inconstitucional e mandou libertar o jornalista, que, logo depois, foi novamente detido sob acusação de difamação.
Este recambolesco processo levou várias ONG internacionais a acusar o Governo zimbabueano de estar a intimidar os jornalistas, numa altura em que a crise prolongada, económica e política, está a deixar o Zimbabué à beira de novas tensões sociais.
O Comité para a Protecção dos Jornalistas acusa mesmo o Governo de Harare de estar a desenvolver uma estratégia que pretende amedrontar os jornalistas por forma a que estes enveredem pela autocensura.
A roupa interior de Grace terá, segundo o NewsDay, sido oferecida a apoiantes da ZANU-PF numa cidade fronteiriça, Mutare, durante uma actividade política do partido liderado por Robert Mugabe, levando a que várias organizações ligadas à saúde criticassem esta oferta, gerando uma alargada polémica no país, entre outras questões levantadas, pela possibilidade de transmissão de doenças.
O momento foi ainda aproveitado pelos críticos do regime de Mugabe que sublinham que estas ofertas de Grace são a prova de que a primeira-dama já admite que a crise é de tal ordem no país que os zimbabueanos já não conseguem sequer comprar a sua própria roupa interior.
Os sindicatos independentes do Zimbabué apontam a taxa de desemprego no país na ordem dos 85 por cento, embora o Governo admita apenas 11 por cento.