"Senhor ministro da Defesa, estou a apelar para estarmos nesta luta, de transformarmos as antigas cadeias coloniais no País em museus, à semelhança do Tarrafal, em Cabo-Verde", sugeriu a presidente da segunda comissão, a deputada Ruth Mendes.
De acordo com a parlamentar, a intenção é preservar a memória histórica e educativa do País, garantindo que os espaços que testemunharam sofrimento, resistência e luta pela liberdade do povo angolano não sejam esquecidos.
"São Nicolau está totalmente degradado e descaracterizado daquilo que era", disse a deputado, informando que as salinas, que era o sítio onde os presos mais sofriam, foi entregue a um privado.
Segundo Ruth Mendes, a Cadeia de São Paulo, em Luanda, foi um centro de chacina em 1961, por isso é altura de contar a história à nova geração.
Criado em 1962, o Campo de Recuperação de São Nicolau situava-se num território desértico no litoral angolano, a norte da então Moçâmedes (Namibe).
Para São Nicolau foram enviados guerrilheiros suspeitos de actividades subversivas, por vezes acompanhados da família, bem como populações deslocadas.
Ao passo que a Cadeia de São Paulo era a cadeia da delegação da PIDE em Angola e onde esta fazia os seus interrogatórios. Foi palco de um dos primeiros episódios de luta contra o colonialismo. No dia 4 de Fevereiro de 1961, centenas de angolanos assaltaram a cadeia e libertaram os presos políticos.

