De acordo com o secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto, "a maior percentagem de crianças a trabalhar é encontrada em empresas estrangeiras", realidade que atribui à "falta de fiscalização e controlo dessas empresas" que, no seu entender, estão em Angola "como se estivessem em zonas especiais, ou seja, fazem o que querem".

O sindicalista, citado pela agência Lusa, adianta que em Luanda "há empresas, sobretudo chinesas, que vão buscar adolescentes às províncias de Benguela, Cunene e Huíla", que depois acabam "quase aprisionados".

"Aquilo é um trabalho de escravo", reforçou o responsável, com base num inquérito realizado pela CGSILA no ano passado.

Segundo esse levantamento, as crianças são "acantonadas", sem condições de alojamento e com refeições "muito precárias", para além de terem de trabalhar como se fossem adultos.

"Nós denunciamos isso, mas infelizmente as nossas autoridades não colocam um travão nisso", lamenta Francisco Jacinto.

Para além da falta de fiscalização, o sindicalista aponta as "péssimas condições de habitabilidade" a que estão sujeitas muitas famílias em Angola como uma das causas deste fenómeno.

"São familiares que não têm emprego e muitas das vezes obrigam crianças a irem para as ruas à procura de alguma ocupação, quando deveriam estar, por exemplo, na escola", nota o secretário-geral da CGSILA.