Tribuna de ideias: Ataque à caravana de deputados da UNITA no Kuando-Kubango: Impopularidade e encenação da UNITA ou falha de segurança e acção de milícias do MPLA?
Uma das grandes capacidades e habilidades dos grandes estadistas é a de saber fazer a leitura dos sinais dos tempos e dos factos. Há realidades difíceis de assumir e de aceitar, há um medo instalado que faz que os auxiliares do Presidente João Lourenço evitem mostrar-lhe outros caminhos ou alternativas. Este ano, em Angola, os trabalhadores não saíram à rua no dia 1 de Maio. A decisão foi tomada pelas três centrais sindicais: UNTA, CGSILA e Força Sindical. Foi uma forma de protesto contra a falta de resposta do Governo às reivindicações apresentadas pelos sindicatos. É algo inédito e um sinal de novos tempos. Para a actual governação, são sinais de um tempo que lhes foge e que alguma coisa precisa de ser feita para o recuperar. A grande questão é a de saber como é que chegámos até aqui? Se havia a ideia de que sindicatos como a UNTA - CS (União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Central Sindical) estivessem "amarrados" ou "alinhados" ao partido no poder, o MPLA, o certo é que, nos últimos tempos, com a greve geral e com a ausência de desfiles no dia 1 de Maio, deixam um sinal claro e inequívoco de que os próximos tempos serão difíceis.