Para um partido obter uma "maioria qualificada", como o MPLA afirma ter conseguido nestas eleições, é necessário que consiga dois terços, cerca de 66 por cento dos votos entrados em urna.
O secretário do BP para os assuntos eleitorais sublinhou, contudo, que se tratam de resultados provisórios compilados a partir dos dados enviados para a sede do MPLA a partir das assembleia de voto de todo o país.
João Martins enfatizou ainda que os resultados eleitorais oficiais, apesar da certeza quanto à vitória do MPLA com "maioria qualificada", garantida quando o partido já contou cinco milhões de votos, entre os 9,3 milhões de eleitores registados serão divulgados apenas pela CNE.
Recorde-se que a maioria qualificada foi a barreira apontada pelo presidente do MPLA e ainda Presidente da República, José Eduardo dos Santos, quando discursava, em Dezembro de 2016, na 2ª Sessão Ordinária do Comité Central do MPLA, altura em que foi escolhido o cabeça de lista e candidato do partido a Presidente da República para as eleições de ontem, João Lourenço.
Reacção da oposição
Numa primeira reacção da oposição ao anúncio do triunfo do MPLA, a oposição reagiu em uníssono aconselhando cautelas, porque não existem ainda resultados oficiais divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse ao Novo Jornal Online que "o MPLA está desesperado porque todos os sinais indicam para a sua derrota".
"A Comissão Nacional Eleitoral ainda não divulgou os resultados, como é que o partido que sustenta o Governo diz que já é vencedor?", questionou o porta-voz do principal partido na oposição em Angola, salientando que a sua formação política está a fazer a contagem paralela dos votos que aponta para uma realidade diferente daquela já afirmada pelo MPLA.
O vice-presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, explicou que o MPLA está "muito preocupado", com os resultados dessas eleições, visto que "os angolanos votaram pela mudança".
"Os angolanos desta vez compareceram em massa, para mudar o futuro do país e é, no mínimo, prematuro o MPLA cantar a vitória", frisou, lembrando que também a CASA-CE está a receber os dados dos seus delegados e a fazer uma contagem paralela, que, para já, contraria as informações veiculadas pelo partido no poder.
Para o presidente da FNLA, Lucas Ngonda, "enquanto a CNE não divulgar os resultados não há vencedor". Vamos esperar que CNE diga algo, porque por enquanto é cedo para falar em Vitoria".
O presidente da Aliança Nacional Democrática, Quintino de Moreira, reitera as declarações do seu colega da FNLA, Lucas Ngonda. "Ainda é cedo para falar de resultados. Nós próximos dias a CNE dará o veredicto final", resumiu.
Manuel Fernandes contou, que a CASA-CE também está a fazer a contagem paralela dos votos. "Todas as manobras serão descobertas desta vez. Estamos atentos", avisou.
A convicção do "M".
Foi o secretário para as questões eleitorais do Bureau Político do MPLA, João Martins, que, no final da reunião de balanço do dia eleitoral que o partido realizou na noite de ontem e início da madrugada de hoje, na sua sede, em Luanda, que afirmou que a vitória é inequívoca e incontornável, de acordo com os dados que está a receber das assembleias de voto.
Apesar de a Comissão Nacional Eleitoral ainda não ter divulgado quaisquer resultados parciais, mesmo em relação à abstenção, este responsável do MPLA, aponta a vitória nas urnas do partido que teve em João Lourenço o seu cabeça de lista e candidato a Presidente da República, como "incontornável".
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, onde esteve presente o cabeça de lista, João Martins disse ainda que essa vitória "inequívoca e incontornável" resulta da análise realizada aos números apurados pelo próprio partido, visto que a CNE mantém o silêncio sobre resultados provisórios.
"A vitória do MPLA é inequívoca, praticamente incontornável, e ela está-se a consolidar em termos numéricos", disse, sublinhando que, apesar das certezas que enunciou sobre os resultados, este dirigente do MPLA apelou a que se aguarde com serenidade os resultados que vão ser publicitados pela CNE.
Apesar disso, em coerência com o tom triunfal desta primeira abordagem pública do partido que governa Angola desde 1975, Martins, citado pela imprensa, reafirmou a confiança na vitória folgada, justificando isso com a análise aos dados fornecidos pelos seus delegados que chegaram ao centro coordenador em Luanda, na sede do partudo.
Estás são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.
E contaram com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.
Estiveram em disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.
O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.