O primeiro a abrir as hostilidades da informação oficiosa foi o MPLA que, pouco depois da meia-noite, anunciou que tinha a vitória conseguida de forma "inequívoca", sustentando a informação com dados provenientes das mesas e assembleias de voto fornecidos pelos seus homens no terreno.
Logo a oposição reagiu e, em declarações ao Novo Jornal Online, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse que "o MPLA está desesperado porque todos os sinais indicam para a sua derrota".
"A Comissão Nacional Eleitoral ainda não divulgou os resultados, como é que o partido que sustenta o Governo diz que já é vencedor?", questionou o porta-voz do principal partido na oposição em Angola, salientando que a sua formação política está a fazer a contagem paralela dos votos que aponta para uma realidade diferente daquela já afirmada pelo MPLA.
Também o vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, contestou o anúncio de vitória do MPLA nas eleições gerais, incitando a Comissão Nacional Eleitoral "a ter a coragem de divulgar os resultados provisórios reais" que vão chegando aos partidos".
Já o vice-presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, explicou que o MPLA está "muito preocupado", com os resultados dessas eleições, visto que "os angolanos votaram pela mudança".
"Os angolanos desta vez compareceram em massa, para mudar o futuro do país e é, no mínimo, prematuro o MPLA cantar a vitória", frisou, lembrando que também a CASA-CE está a receber os dados dos seus delegados e a fazer uma contagem paralela, que, para já, contraria as informações veiculadas pelo partido no poder.
Mas a coisa fiou ainda mais fino quando, pouco antes das 12:00, o secretário do Bureau Político do MPLA para os Assuntos Eleitorais, João Júlio Martins, veio a público aumentar a parada, afirmando que o partido não tinha apenas conseguido a vitória "inequívoca", conseguindo mesmo, segundo este dirigente, uma "maioria qualificada", o que significará, caso se confirme, que João Lourenço consegue o mesmo feito que José Eduardo dos Santos, ao obter um resultado que compreende o conforto de poder dispor do Parlamento a seu bel prazer.
"Não", reagiu de novo a oposição em uníssono.
Enquanto isso, a Comissão Nacional Eleitoral, que auto-elogiou durante o dia de eleições a organização exemplar, começando pela fluidez nas mesas de voto, até à ausência de reclamações substanciais sobre o desenrolar da votação, mantêm um silêncio difícil de explicar sobre os resultados parciais ou provisórios que, dentro de um quadro ortganizativo exemplar, normalmente já deveriam ter sido divulgados, até para atenuar eventuais extremismos suscitados pelo posicionamento dos partidos e candidaturas quanto às suas votações.
Até porque, como anunciaram de forma audível a CASA-CE e a UNITA, ambos constituíram centros de contagem de votos paralelos com base nas actas e somas dos seus delegados que, em tese, são os mesmos a que a CNE e o MPLA têm acesso, e que garantem que desmentem os resultados enunciados pelo maior partido angolano até estas eleições.
Para a oposição, com destaque para a UNITA e a CASA-CE, o problema é que os seus dados não batem certo com os avançados pelo MPLA, mas não os podem comprar com os da CNE, que são os únicos oficiais e que podem ser, efectivamente, contestados.