Em comunicado, o partido do 'Galo Negro' defende que a marcha é um direito constitucional que deve ser respeitado, pois não estando o País sob estado de sítio ou emergência, os únicos capazes de restringir o exercício destes direitos, "nada justificava o impedimento de uma manifestação com uso da força desproporcional pelas autoridades", considerando que a detenção dos manifestantes é "ilegal e inconstitucional".
Para o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, o decreto presidencial sobre a situação de calamidade revisto, alterado e "anunciado à última hora" no dia 23 de Outubro é "infraconstitucional" e não impede o exercício dos direitos, garantias e liberdades fundamentais dos cidadãos.
A UNITA aponta também o dedo à governadora de Luanda, Joana Lina, e regista que "ao mesmo tempo que ordenou repressão dos manifestantes nas ruas da cidade, permitiu que os seus partidários do MPLA realizassem uma actividade política em Viana sem observância do decreto presidencial sobre a situação de calamidade pública".
Antes desta reacção do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, o seu presidente, Adalberto da Costa Júnior, acusou o governo de estar "cobardemente" a usar a covid-19 para "esconder as suas debilidades e assumindo crescentemente "uma dimensão repressiva e violenta", sublinhando que o decreto com novas medidas face à situação de calamidade pública, entre as quais proibição de ajuntamentos com mais de cinco pessoas, foi publicado no Diário da República "em tempo recorde".
"Foram anunciadas medidas às 19:00 para entrarem em vigor cinco horas mais tarde", disse o dirigente político, declarando que as medidas foram usadas para impedir a manifestação convocada para o dia seguinte.
O presidente da UNITA disse também que o comando provincial de Luanda da Polícia Nacional chamou na sexta-feira os organizadores da manifestação, com quem conversou e acertou o itinerário a seguir na manifestação de sábado.
"Qual não é a surpresa quando, no sábado, um fortíssimo aparato repressivo foi colocado em todos os municípios para impedir que participassem na manifestação", afirmou.
Estas declarações foram proferidas depois de o Secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Rodrigues, dizer à TPA que, na sexta-feira, a polícia recebeu garantias dos promotores da manifestação de que a mesma não iria realizar-se.
A existência de um morto, denunciada por um dos organizadores, o activista Dito Dali, foi desmentida por Salvador Rodrigues.