Segundo o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, entre os detidos estão, para além dos elementos das organizações da sociedade civil que organizaram o protesto popular, Movimento Revolucionário e Movimento para a Cidadania, dirigentes da UNITA, que, a meio da semana, ao Novo Jornal, explicou que juntava o seu apoio ao protesto como forma de pressionar o Executivo para se empenhar no combate ao desemprego e aos problemas sociais que Angola atravessa.
Nas suas declarações à TPA, o governante adiantou que no tribunal vão estar 90 homens e 13 mulheres acusados de "arruaça e desobediência" porque a manifestação estava proibida pelas autoridades.
Entre os detidos de Sábado estão, segundo o Sindicato dos Jornalistas Angolanos seis jornalistas, que estavam apenas a cobrir os acontecimentos, entre estes quatro profissionais da Rádio Essencial e do jornal Valor Económico, e um fotógrafo.
Para diluir a manifestação, a PN recorreu a centenas de elementos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), da cavalaria e das brigadas caninas.
A governadora provincial de Luanda (GPL) fez declarações violentas à imprensa contra a manifestação onde alertou para o risco de repetição de episódios violentos do passado no país e pediu a vigilância contra a manipulação dos jovens por "alguns" que têm objectivos inconfessos.
Com estas palavras, a governadora de Luanda deixou claro que o Estado vai impor a sua força contra este tipo de protestos populares nesta fase em que o Pais atravessa uma crise sanitária no rasto da pandemia da Covid-19, que acumula com uma crise económica severa e quando Angola se aproxima de mais um periódo eleitoral que se adivinha quente.
Joana Lina, no Domingo, à hora do telejornal, e apenas para os media estatais, sem direito a perguntas, lamentou os "prejuízos incalculáveis" ocorridos durante a manifestação, que foi fortemente reprimida pelas forças de segurança.
A responsável pelo GPL sublinhou, em directo nas televisões, a sua disponibilidade total para impedir que o passado se repita, sem especificar ao detalhe sobre a que passado se referia, mas sendo permitido adivinhar que recordava os episódios sangrentos em Luanda envolvendo as forças do Estado e a UNITA após as eleições de 1992, tendo em conta que esta manifestação contou com o apoio deste partido e que Joana Lina fez questão de alertar para os fins "inconfessos" daqueles que procuram manipular os jovens.
A governadora provincial de Luanda apelou mesmo a que a população fique atenta e que comunique o que lhe parecer que pode perigar a paz e a estabilidade.
Disse ainda Joana Lina que esta manifestação foi claramente ilegal face às disposições inseridas no decreto Presidencial sobre as medidas de combate e controlo à pandemia da Covid-19, sendo a concentração de tantas pessoas um risco acrescido de contágio de uma doença "mortal e de rápida transmissão".
"Não se trata de impedir direitos fundamentais" disse Joana Lina, sublinhando que é da defesa da vida que se trata, notando a sua desolação ao ver a destruição de bens, aludindo, entre outros, à destruição parcial de uma esquadra de polícia, ao fogo ateado em motorizadas, e caixotes do lixo...
Considerou ainda "deplorável" o "filme que se viu hoje na cidade de Luanda e sublinhou que estas "imagens" não devem voltar a acontecer, garantindo que o GPL "tudo fará para evitar a morte e a destruição".