Razões burocráticas estão na génese da decisão da comissão que analisou os processo de candidaturas, tendo esta, após uma longa reunião do Comité Permanente da UNITA, realizada ao final do dia de sexta-feira, após ter chegado ao fim o prazo de entrega da documentação, anunciado que Adalberto da Costa Júnior ainda pode surgir na linha de partida desde que comprove que renunciou à nacionalidade portuguesa que mantinha a par da angolana, enquanto Raul Danda tem o caminho mais estreito porque, ao que todo indica, não possui os exigidos pelos estatutos, 15 anos consecutivos de militância.
Perante este cenário, para já, embora Danda, tal como Adalberto estejam a preparar respostas para ainda poderem integrar o pelotão elegível, estão prontos para ir a votos no Congresso de Novembro Abílio Kamalata Numa, general e dirigente histórico da UNITA, Alcides Sakala, porta-voz visto por muitos como o melhor posicionado para chegar à frente desta corrida, e o deputado José Pedro Katchiungo.
Para que Adalberto da Costa Júnior, que, recorde-se, foi o primeiro a entregar o processo à comissão de mandatos, possa ainda disputar a presidência do partido do "Galo Negro" tem de mostrar um documento devidamente autenticado em como abdicou da nacionalidade portuguesa, como exigem os estatutos da UNITA.
Quanto a Raul Danda, no seu recurso - este processo distingue-se do de Adalberto porque a sua candidatura foi liminarmente rejeitada enquanto a do líder parlamentar tem um prazo para corrigir o que está em falta - tem de provar que tem 15 anos de militância consecutiva, o que não deverá poder fazer, endossando o seu apoio a uma das candidaturas existentes, ou não, porque é conhecido o seu percurso no partido, em cujo registo consta uma saída por um período concreto.
Ruben Sicato, porta-voz da Comissão Organizadora do Congresso, explicou que o relatório da comissão de mandatos é claro ao declarar apenas as três candidaturas sem quaisquer prolemas, mas deixou claro que as outras duas dispõem de mecanismos de recurso e a possibilidade de completar o processo, no caso de Adalberto da Costa Júnior, cuja candidatura recebeu o selo de "incompleta", até 10 de Novembro, escassos dias antes do arranque do conclave histórico da UNITA, no qual Samakuva, que lidera esta força política desde 2003, onde substituiu o histórico fundador, Jonas Savimbi, abatido em combate um ano antes.
Por isso, Adalberto da Costa Júnior poderá fazer a sua campanha normalmente, tendo, todavia, a pender sobre si essa obrigação de renunciar formalmente à nacionalidade portuguesa, que adquiriu por questões de segurança durante a longa guerra em que o país esteve mergulhado até 2002, e cujo procedimento é obter junto do Estado português um documento oficial que o afirme categoricamente, até 10 de Novembro, três antes do arranque do XIII Congresso Ordinário, que vai decorrer de 13 a 15 desse mesmo mês.
Ficou ainda claro, nas palavras de Sicato, que, ao contrário de alguns rumores o presidente da UNITA será o cabeça de lista do partido nas eleições presidenciais de 2020, o que deixa de lado a possibilidade de Samakuva voltar a encimar essa mesma lista.
Os candidatos com os processos concluídos, e também Adalberto da Costa Júnior, terão os seus cargos actuais ocupados por outros dirigentes da UNITA, como é o caso de Adalberto e de Katchiungo, no grupo parlamentar, onde um e outro são, respectivamente, presidente e vice-presidente.