Laurindo Vieira foi vítima de disparo letal feito por um indivíduo que seguia, com outro, numa motorizada, na tarde de quinta-feira, 11, e as imagens que inundaram as redes sociais do momento em que o académico era socorrido por populares criaram alarme geral sobre a insegurança na capital do país.
A extrema importância que este caso teve na sociedade angolana levou a que, no local onde, neste Domingo, foi divulgada a detenção dos autores do homicídio, estivessem presentes o director geral do SIC, comissário-Chefe António Paulo Bendje, acampanhado pelo seu adjunto, Fernando Receado, e vários quadros superiores da hierarquia do SIC-geral.
Hélder Ricardo, de 23 anos, autor do tiro que levou à morte do professor Laurindo Vieira, revelou que ele e os seus comparsas acompanharam a vítima desde o banco, onde terá levantado a quantia de um milhão de kwanzas, segundo o comprovativo do banco.
Após este ter saído da dependência do BIC, contam os marginais, Laurindo Vieira dirigiu-se para outra instituição bancária, ainda nas proximidades, e foi já quando regressava à viatura que o abordaram.
Segundo o autor confesso, Laurindo Vieira surpreendeu-os, após ter sido abordado, quando tentou reagir.
"Ele abriu a porta da viatura, pensei que entregaria o dinheiro, afinal tirou a sua arma e manuseou-a à nossa frente. Com medo de ser atingido, e com o susto, disparei no pé dele e retirei-lhe o telefone e a pistola", descreveu o homicida, afirmando que não fez um disparo intencional e colocou-se a seguir em fuga.
O plano era, acrescentou, apenas levar o montante que Laurindo Vieira levantou do banco, e não matá-lo, como acabou por suceder porque a bala atingiu uma arteria vital.
Questionado se sabiam quanto é que a vítima levantou do balcão do BIC, disse que a princípio não, mas que depois ficou a saber devido ao comprovativo de levantamento quando entrou para a viatura e retirou o telemóvel deste membro do comité central do MPLA.
Hélder Ricardo e os dois elementos do grupo contaram que não sabiam que a vítima teria falecido após o disparo e que só tomaram conhecimento da sua morte à noite por causa dos milhares de partilhas nas redes sociais.
O suposto autor disse que a rapidez com que Laurindo Vieira terá reagido foi o motivo pelo qual não conseguiram levar o dinheiro que se encontrava na viatura.
"Fiz o disparo, e, com o susto, apenas levei o telemóvel e a arma, deixei-o a sangrar", disse o marginal aos jornalistas.
Segundo o SIC, Hélder Ricardo foi baleado no braço quando tentava fugir dos agentes que o procuravam, no Zango, onde se terá refugiado após o assalto, e disse ter sido atingido mesmo não estando armado.
Outro comparsa, por sinal motorista de uma empresa de táxi por aplicativo, revelou que o combinado era apenas assaltar a vítima e levar o dinheiro, e não feri-lo.
Raúl Domigos Gaieto, de 36 anos, que pertence à empresa UGO, já fez cinco assaltos com o grupo, na qualidade de motorista que acoberta os malfeitores.
Este motorista detalhou que antes de praticaram qualquer acção, uma parte do pessoal fica no táxi que conduz, e que foi apreendido, e outra controla os passos da vítima, a que chamou "presa".
No final, recebem todos uma percentagem, salientou Raúl Domingos Gaieto, denunciando que a arma usada para a prática dos crimes pertence a um comparsa, de nome Ivan, que se encontra em parte incerta.
Adriano Júnior, outro membro do grupo, precisou que seguiram o sociólogo desde o Banco BIC, onde o senhor fez o movimento de um milhão de kwanzas, de acordo o comprovativo bancário.
Este disse que soube que a vítima faleceu nas redes socias e comunicou aos demais para fugirem.
Manuel Halaiwa, director de comunicação institucional e imprensa do SIC-geral, disse aos jornalistas, durante a apresentação dos autores da morte do reitor da Universidade Gregório Semedo, este domingo, 14, que o grupo é composto por cinco elementos, sendo sido detidos apenas três, estando dois em fuga, mas as autoridades trabalham para a sua localização.
Conforme o SIC, a detenção destes criminosos foi possível após um trabalho profundo de inteligência investigativa.
Importa realçar que o SIC apresentou cinco elementos, dos quais três são os participantes directos do assalto, e os outros dois, um casal, por comprarem o telemóvel da vítima das mãos dos marginais.
Manuel Halaiwa, porta-voz do SIC, assegurou que vários elementos deste grupo têm envolvimento noutros crimes e seguramente cadastro criminal.
Segundo o SIC, só depois da detenção destes cidadãos, envolvidos na morte do respeitado professor Laurindo Vieira, foi possível o esclarecimento de cinco outros crimes.
O SIC salienta que estes criminosos actuavam nos interiores dos bancos e controlavam as pessoas que levantam avultadas somas.
Entretanto, uma fonte do SIC, na apresentação destes marginais, contou ao Novo Jornal que o académico Laurindo Vieira foi consultor do Serviço de Inteligência Militar, por essa razão possuía a arma de fogo, que também foi recuperada pelos operacionais do SIC.
Era membro do comité central do MPLA e exercia, até à altura da sua morte, o cargo de reitor da Universidade Gregório Semedo.
Natural de Dange-Quitexe, na província do Uíge, era graduado em sociologia e mestre em ciências da educação, pela Universidade do Porto, em Portugal.
O docente universitário conquistou reconhecimento pelo seu trabalho na área educacional e como comentarista da TV Zimbo, no espaço "revista zimbo".