Com o foco, para já, na República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, dois vizinhos de Angola, com milhares de quilómetros de fronteiras, a cólera está ainda na condição de surto, mas os casos multiplicam-se a um ritmo acelerado e a situação caminha para a condição de epidemia.

A SADC, como o seu actual presidente em exercício do seu conselho de ministros, o ministro das Relações Exteriores angolano, defendeu que a resposta deve ser célere e robusta, o que exige a coordenação para aplicação das medidas que vierem a ser desenhadas para atacar esta doença contagiosa que é já um desafio regional relevante.

O ministro Téte António aproveitou a sessão extraordinária do Conselho de Ministros virtual da SADC, para alertar que a circulação de pessoas e bens é uma das condições que favorecem a expansão do vibrião colérico, o agente patogénico que gera a maleita e que se transmite através do contacto com o conteúdo intestinal dos doentes, como fezes e vómitos, ou ainda por ingestão de água e líquidos contaminados.

"Este cenário clama por uma resposta regional coordenada para fazer frente a este desafio, pois nenhum país pode combater sozinho uma doença como a cólera, que não respeita fronteiras", disse o ministro angolano, citado pela Lusa.

"Enquanto região, demonstramos profunda resiliência e garra colectiva perante outros desafios de saúde, tais como o VIH e Sida e a covid-19. Graças aos nossos esforços regionais, registámos avanços assinaláveis para prevenir e atenuar os impactos devastadores destas pandemias sanitárias", recordou, ainda citado pela agência de notícia portuguesa.

O presidente em exercício do Conselho de Ministros da SADC apontou a necessidade de forjar uma "frente unida" para se evitar de forma sustentável a propagação generalizada da cólera "e, na verdade, a propagação generalizada de quaisquer futuras doenças ou pandemias futuras que possam cruzar o nosso caminho", realçou.

As chuvas que abundam nesta época nos dois países vizinhos de Angola onde o problema é mais agudo, RDC e Zâmbia, são, segundo os especialistas, a razão principal para a rápida propagação da doença que ainda não atingiu o território nacional, como o atestam as autoridades sanitárias angolanas.

Como o Novo Jornal recordava aqui, Angola está ainda no nível 2 de alerta, que vai de 1 a 3, e já reforçou o seu sistema de vigilância, com enfoque nas regiões de fronteira.