Hamilton dos Prazeres Tavares, director geral do Hospital Geral do Huambo, assegurou que a realização dos funerais colectivos dos cadáveres custaram às autoridades locais mais de oito milhões de kwanzas.
O Novo Jornal soube que o último enterro colectivo, de 17 cadáveres, aconteceu no dia 30 de Dezembro de 2022.
O director avançou que a morgue do hospital geral do Huambo dispõe de 27 gavetas para a conservação de igual número de corpos, mas, nos últimos tempos, há uma maior solicitação, atingindo, muitas vezes, mais de 50 corpos.
Hamilton dos Prazeres Tavares lamentou o facto de muitos familiares preferirem abandonar os seus parentes naquela unidade hospitalar.
"A população, de modo geral, abandona mesmo os cadáveres dos seus familiares aqui. Vão embora, já não voltam, alegando não terem condições para realizar os funerais nas suas localidades. Isso provoca-nos transtornos muito grandes", explicou.
Questionado sobre o que é que determina a realizações dos funerais colectivos, o director respondeu ser o número de cadáveres abandonados pelos familiares que se tem tornado frequente.
"A fundamentação que as pessoas às vezes alegam é a distância e a falta de condições. Outras vezes mentem ao hospital, dizendo que estão a criar condições nas comunas, mas acabam por não voltar", lamentou.
Ao fim dos 15 dias, prossegue o responsável máximo do HGH, "em função do número de cadáveres abandonados, somos forçados a realizar os funerais colectivos".
A direcção do Hospital Geral do Huambo salienta que a realização dos funerais colectivos é feita com o apoio de parceiros, neste caso a administração municipal do Huambo e o Governo provincial.
Perguntado se os familiares não aparecem depois a reclamar os corpos dos seus parentes, após a realização dos sepultamentos colectivos, Hamilton dos Prazeres Tavares respondeu que não.
"Nós temos um instrutivo que diz que as pessoas devem deixar os cadáveres dos seus familiares no máximo cinco dias na morgue do HGH, mas infelizmente eles deixam ficar mais de 20 dias e já não voltam. A única excepção para que os corpos fiquem muito tempo na morgue são aqueles orientados pelas autoridades judiciais", esclareceu.
O Novo jornal constatou no local que entre os cadáveres abandonados há meses no Hospital Geral do Huambo, alguns são de recém-nascidos.