"Escrevemos ao Serviço de Investigação (SIC) da Lunda Norte para que nos esclareça a que se deve a demora para transferir o nosso cliente, José Mateus Zecamutchima, para aquela província, onde vai continuar o processo de investigação sobre os tumultos de Cafunfo", disse ao Novo Jorna, Salvador Freire dos Santos.
Segundo o advogado, há mais de um mês que José Mateus Zecamutchima foi detido pelo SIC de Luanda, "e o processo da sua transferência para Lunda Norte, não tem "pernas para andar".
"Vamos pedir ao Tribunal Supremo para a libertação do nosso cliente, porque as autoridades judiciais ignoraram o pedido de habeas corpus que nós apresentámos", acrescentou Salvador Freire dos Santos, frisando que "a morosidade processual é um dos males que assola o País".
Na opinião do advogado, o processo do seu cliente "não é um processo jurídico, mas uma questão política".
"Há muita ilegalidade, não houve uma investigação apurada e isenta das acusações que foram feitas", vincou.
A 30 de Janeiro, confrontos entre forças de segurança e cerca de 300 manifestantes que pretendiam pedir diálogo com o Governo sobre a situação na província terminaram em mortes e desaparecidos.
As autoridades disseram que seis pessoas morreram nos confrontos, a Amnistia Internacional afirmou ter confirmado 10 mortes e os partidos da oposição parlamentar garantiram que pelo menos 23 pessoas morreram.
O "Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe", que luta pela autonomia das Lundas, tem afirmado que a manifestação, apesar de proibida, foi pacífica e ninguém estava armado, acusando os efectivos da Polícia Nacional e as Forças Armadas (FAA) de "actos bárbaros" por terem disparado contra cidadãos indefesos.
A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste de Angola), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protectorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.